Ciência

OMS anuncia nova nomenclatura para variantes da covid-19; veja lista

Para evitar estigma e discriminação contra países, a OMS designou novas denominações com o nome de letras do alfabeto grego

Maria Van Kerkhove,   especialista da OMS na resposta do órgão ao coronavírus, disse que a mudança de nome deve diminuir o estigma enfrentado pelos países (FABRICE COFFRINI/POOL/AFP/Getty Images)

Maria Van Kerkhove, especialista da OMS na resposta do órgão ao coronavírus, disse que a mudança de nome deve diminuir o estigma enfrentado pelos países (FABRICE COFFRINI/POOL/AFP/Getty Images)

LP

Laura Pancini

Publicado em 1 de junho de 2021 às 10h04.

Última atualização em 1 de junho de 2021 às 10h40.

Para evitar o estigma contra países, a Organização Mundial de Saúde (OMS) anunciou que as variantes do coronavírus devem receber o nome de letras do alfabeto grego, em vez do local onde a cepa foi descoberta primeiro.

Os rótulos não têm o intuito de substituir nomes científicos (como as denominações B.1.1.7, P.1, entre outras), já que transmitem informações valiosas para pesquisas. A decisão de adotar o novo sistema de nomenclatura veio após meses de deliberações com especialistas da OMS, com o objetivo de diminuir a discriminação entre países.

“Embora tenham suas vantagens, esses nomes científicos podem ser difíceis de dizer e lembrar e estão sujeitos a relatórios incorretos. Como resultado, as pessoas muitas vezes recorrem a variantes pelos locais onde são detectadas, o que é estigmatizante e discriminatório", afirma a OMS, que quer incentivar autoridades, meios de comunicação e outros a adotarem os novos rótulos.

No início deste mês, a Índia ordenou que redes sociais removessem qualquer conteúdo que mencionasse a cepa B.1.167.2 como "variante indiana", alegando que continuar com tal nomenclatura poderia "gerar erros de comunicação e ferir a imagem do país".

Outro fator relevante para a decisão da OMS é a discriminação contra asiáticos, que vem crescendo desde o primeiro surto da covid-19 em Wuhan, na China. O ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, continuamente se referia ao SARS-CoV-2 como "vírus chinês" ação que, de acordo com estudo, causou levante anti-asiático nas redes sociais.

“Nenhum país deve ser estigmatizado por detectar e relatar variantes”, disse Maria Van Kerkhove, epidemiologista da OMS.

Variantes de preocupação (VOC)

Existem quatro cepas designadas como variantes de preocupação, porque apresentam evidências de serem mais transmissíveis ou resistentes à resposta imunológica. Agora, as VOCs irão receber as seguintes nomenclaturas, levando em consideração sua ordem de detecção:

  • B.1.1.7 (variante britânica) será Alfa
  • B.1.351 (variante sul-africana) será Beta
  • P.1 (variante brasileira) será Gama
  • B.1.617.2 (variante indiana) será Delta

Variantes de interesse (VOI)

As VOIs são aquelas cepas que não podem ser consideradas VOCs, mas foram registradas e estão sob observação.

Vale ressaltar que todo vírus sofre mutações em seu material genético, mas nem todas necessariamente causarão alguma alteração no vírus, de acordo com a Rede Análise Covid-19 e o Instituto Serrapilheira.

Pesquisadores internacionais, por exemplo, já reuniram mais de 1,2 milhão de genomas da covid-19 através da plataforma GISAID.

As VOIs também recebem uma nova nomenclatura:

  • B.1.427/B.1.429 (encontrada nos EUA) será Epsilon
  • P.2 (encontrada no Brasil) será Zeta
  • B.1.525 (encontrada em "vários países") será Eta
  • P.3 (encontrada nas Filipinas) será Theta
  • B.1.526 (encontrada nos EUA) será Iota
  • B.1.617.1 (encontrada na Índia) será Kappa
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