Oceanos absorveram calor de 3,6 bilhões de bombas de Hiroshima em 25 anos
Estudo afirma que aumento da temperatura dos oceanos está crescendo em ritmo mais rápido
EFE
Publicado em 13 de janeiro de 2020 às 17h49.
Última atualização em 13 de janeiro de 2020 às 17h51.
Madri — Os oceanos absorveram nos últimos 25 anos o calor equivalente a explosão de 3,6 bilhões de bombas como a de Hiroshima, segundo um estudo publicado nesta segunda-feira pela revista "Advances in Atmospheric Science".
Além disso, durante 2019, a temperatura dos oceanos foi a mais quente desde que esse tipo de registro começou a ser feito. Por esse motivo, o estudo afirma que o problema não só está aumentando, mas também crescendo em um ritmo mais rápido.
O texto assinado por 14 cientistas de 11 institutos de vários países do mundo indicam que as temperaturas mais quentes foram registradas entre a superfície do mar e os 2 mil metros de profundidade.
A última década, especialmente os cinco anos finais do período, foi a mais quente da história dos oceanos. Só no ano passado, a temperatura foi 0,075 graus Celsius mais alta que a média registrada no período entre 1981 e 2010, segundo o Instituto de Física Atmosférica da Academia Chinesa de Ciências em comunicado.
Os especialistas explicaram que, para atingir esse máximo de temperatura, os oceanos teriam que ter absorvido 228 sextilhões de joules de calor.
Para se ter uma ideia do que esse número representa, ele seria equivalente ao calor gerado pela explosão de 3,6 bilhões de bombas atômicas como a de Hiroshima, lançada pelos Estados Unidos contra o Japão durante a Segunda Guerra Mundial.
A comparação foi feita pelo professor do Centro Internacional de Ciências Climáticas e Ambientais da China, Lijing Cheng, principal autor do estudo.
Para ele, essa medição do calor nos oceanos é "irrefutável" e "mais uma prova do aquecimento global". Segundo o especialista, não há "alternativas razoáveis" para justificar a elevação das temperaturas oceânicas além das emissões de gases poluentes.
Os pesquisadores usaram um método relativamente novo de análise que permitiu estudar as tendências de calor dos últimos 50 anos. O estudo também inclui as mudanças de temperatura registradas pela Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos (NOAA, na sigla em inglês).
"Os conjuntos de dados independentes indicam que os últimos cinco anos foram os mais quentes já registrados para as temperaturas oceânicas mundiais", afirma a nota.
O pesquisador John Abraham, da Universidade de St. Thomas, nos Estados Unidos, diz que o aquecimento global é "real" e "está piorando".
"É só a ponta do iceberg do que está por vir. Por sorte, podemos fazer alguma coisa. Podemos usar a energia de maneira mais sábia e diversificar nossas fontes. Temos o poder de reduzir esse problema", afirmou o especialista americano.
Os cientistas destacaram que é possível trabalhar para reverter o efeito da atividade humana no clima, mas que o oceano levaria mais tempo para responder na comparação com os ambientes atmosféricos ou terrestres.