Vacina: atualmente Brasil está apenas distribuindo 6 milhões de doses da Coronavac, trazidas da China (Diego Vara/Reuters)
Thiago Lavado
Publicado em 21 de janeiro de 2021 às 13h52.
Última atualização em 22 de janeiro de 2021 às 12h21.
Com o número de vacinas disponíveis no Brasil ainda limitado, o país foca agora em trazer doses de fora ou mesmo insumos que permitam fabricar o imunizante nos laboratórios locais.
O principal componenente para a fabricação é o chamado IFA, sigla para Ingrediente Farmacêutico Ativo. Trata-se do componente da vacina que permite que o corpo desenvolva uma memória imunológica e combata o coronavírus.
Cada uma das vacinas tem um ingrediente ativo diferente, ainda que tenham os mesmos métodos de fabricação. Por exemplo, Pfizer e Moderna, que fabricam vacinas de RNA mensageiro, têm diferenças em suas fórmulas. A Coronavac, que está sendo aplicada no Brasil, utiliza a técnica de vírus inativado.
O problema enfrentado atualmente é que o IFA não é atualmente produzido no Brasil e as primeiras doses foram feitas na China. No caso da vacina do laboratório AstraZeneca em parceria com a Universidade de Oxford, as primeiras 2 milhões de doses seriam importadas da Índia, mas ainda não há previsão de quando essas doses chegarão ao Brasil.
O plano de imunização no país começou com apenas seis milhões de doses da Coronavac, importadas da China. O volume disponível não é suficiente nem mesmo para vacinar os profissionais de saúde, que somam cinco milhões de pessoas no Brasil. As vacinas aprovadas precisam de duas doses para aplicação.
O Instituto Butantan tem 4,8 milhões de doses em fase final de produção, mas aguarda nova autorização da Anvisa para uso emergencial. O pedido foi feito esta semana. O órgão não recebeu novas remessas do Insumo Farmacêutico Ativo, o princípio ativo da vacina, importado da China.
É esperado que Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) receba também IFA da AstraZeneca para que possa iniciar sua produção local de vacinas, que ainda não começou.
O produto é feito em laboratórios da AstraZeneca também na China e a Fiocruz informou que a chegada dos insumos em janeiro ainda está dentro do calendário contratual. A Fiocruz planeja iniciar a produção local do IFA em abril, o que deve impulsionar a produção.
Atualmente, questões diplomáticas travam o envio da IFA para que o Brasil possa acelerar a produção. O Itamaraty está em conversas com a China, onde estão os insumos. O chanceler Ernesto Araújo nega problemas diplomáticos, porém, e afirma que há elevada demanda pelos produtos.