Ciência

O investimento polêmico de Altman: editar embriões para eliminar doenças

Projeto reacende debate ético sobre limites da biotecnologia e legalidade da manipulação genética no país

Publicado em 11 de novembro de 2025 às 06h17.

Última atualização em 11 de novembro de 2025 às 06h19.

O CEO da OpenAI, Sam Altman, e o fundador da Coinbase, Brian Armstrong, estão entre os investidores da Preventive, uma startup do Vale do Silício que realiza pesquisas em edição genética de embriões humanos. O financiamento, segundo o Wall Street Journal, reacende o debate sobre os limites éticos e legais da biotecnologia reprodutiva nos Estados Unidos.

O marido de Altman, Oliver Mulherin, afirmou ter liderado o investimento, descrevendo-o como uma tentativa de ajudar famílias a evitar doenças genéticas graves. Armstrong, que já defendeu publicamente o uso da edição de embriões, declarou estar animado com o investimento e argumentou que corrigir mutações antes do nascimento é mais eficiente do que tratar doenças ao longo da vida.

Doenças hereditárias

Fundada no início de 2025 pelo cientista Lucas Harrington, doutor pela Universidade da Califórnia em Berkeley e ex-orientando da criadora da tecnologia CRISPR, Jennifer Doudna, a Preventive tem sede em São Francisco e já levantou US$ 30 milhões em capital.

A empresa afirma que sua missão é eliminar doenças hereditárias ao editar embriões humanos antes do nascimento — um procedimento que é proibido pela legislação federal dos EUA. Pela lei vigente, a Administração de Alimentos e Medicamentos (FDA) está impedida de revisar qualquer pedido de testes em humanos que envolva embriões geneticamente modificados usados para iniciar gestações.

Harrington, no entanto, nega que a empresa planeje implantar embriões editados ou trabalhar com casais para esse fim.

Regulação rígida leva empresas a buscar alternativas no exterior

Segundo o WSJ, a startup considerou realizar parte das pesquisas fora dos Estados Unidos, incluindo em jurisdições como os Emirados Árabes Unidos, onde a edição genética é menos restrita. Harrington declarou que a possibilidade foi avaliada apenas por motivos regulatórios, não como tentativa de contornar a fiscalização.

A atuação da Preventive reacende temores de uso indevido da edição genética e riscos de eugenia.

O caso também revive memórias do escândalo de 2018 na China, quando o cientista He Jiankui anunciou o nascimento dos primeiros bebês geneticamente modificados do mundo, resultando em sua prisão por práticas médicas ilegais. Desde então, a maioria dos países — incluindo os EUA — mantém proibição total sobre o uso de embriões editados para reprodução.

Outras startups, como Manhattan Genomics e Bootstrap Bio, também têm explorado pesquisas semelhantes, atraindo atenção de bioeticistas e reguladores internacionais.

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