Novo coronavírus pode saltar de espécie e infectar humanos
Estudo publicado na Nature Communications indica que o coronavírus do pangolim pode ser transmitido a pessoas no futuro
Lucas Agrela
Publicado em 7 de fevereiro de 2021 às 11h33.
Última atualização em 7 de fevereiro de 2021 às 13h53.
O salto de espécies não é um comportamento incomum em vírus, como já aconteceu, por exemplo, com a Aids . Depois do SARS-CoV-2, o vírus que causou a pandemia mundial de covid-19 a partir de 2020, uma nova variante de coronavírus pode saltar para a espécie humana. É o que mostra um estudo publicado na revista científica Nature Communications e realizado por pesquisadores do londrino Instituto Francis Crick.
Na pesquisa, foram comparadas as estruturas do vírus RaTG13, o mais parecido com o causador da covid-19, e de um vírus isolado de pangolins. Na análise, os cientistas identificaram que o vírus pode se ligar a receptores humanos, o que não acontece com o RaTG13, encontrado em morcegos.
O vírus analisado é muito parecido com o SARS-CoV-2, apesar de ter algumas diferenças. O estudo não é capaz de provar a forma como o vírus da covid-19 passou a infectar humanos, nem indica uma potencial ineficácia das vacinas existentes contra essa nova variante de coronavírus.
Em vez disso, o trabalho indica caminhos para que o coronavírus tenha saltado de espécies.
Uma possibilidade considerada pelos pesquisadores é de que o coronavírus dos morcegos tenha sofrido uma mutação para infectar pangolins, que então transmitiram o vírus para humanos.
"Ao testar se a proteína spike de um determinado vírus pode se ligar a receptores celulares de diferentes espécies, somos capazes de ver se, em teoria, o vírus poderia infectar esta espécie. O mais importante aqui é que mostramos duas coisas importantes. Em primeiro lugar, que esse vírus de morcego dificilmente seria capaz de infectar pangolins. E, em segundo lugar, que um vírus pangolim poderia infectar humanos", afirma, em nota, Antoni Wrobel, co-autor do estudo e bolsista de pós-doutorado no Laboratório de Biologia Estrutural de Processos de Doenças em Crick.
Os pesquisadores não causam alarmismo imediato em relação ao surgimento de um novo coronavírus, mas pedem cuidado no contato humano com os pangolins para evitar que vírus desses animais passem a afetar o organismo humano.
A origem do coronavírus, apesar de ter pistas, permanece um mistério para a comunidade científica global.
Mais sobre a pandemia do novo coronavírus
- Butantan começa a produzir 8,6 milhões de novas doses da Coronavac
- No atual ritmo de vacinação, pandemia acaba em 7 anos (mas antes para o Brasil)
- Brasil tem média de mortos por covid-19 acima de mil pelo 17º dia seguido
- Ministério da Saúde pede reforço de R$ 5,2 bilhões para bancar leitos de UTI
- Amazonas flexibiliza restrições de circulação a partir de segunda