Floresta Amazônica: replantio poderia ajudar a cortar 25% de todas as emissões globais de gases de efeito estufa (Silvestre Garcia - IntuitivoFilms/Getty Images)
A Organização das Nações Unidas estabeleceu como meta a redução das emissões de carbono pela indústria e pela sociedade até 2050. No médio prazo, o desenvolvimento de novas tecnologias e o investimento em meios de produção sustentáveis podem ajudar a atingir o objetivo. Até lá, é preciso apostar em outras soluções e a resposta pode estar na própria natureza.
A restauração de florestas e pântanos e a redução significativa do desmatamento são medidas importantes que podem nos aproximar da mitigação do aquecimento global. Especialistas afirmam que o
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Esse tipo de determinação, porém, exigiria ações governamentais bastante rígidas, além de monitoramento e fiscalização. Consequentemente, proteger florestas, deixar de drenar pântanos e preservar ecossistemas locais são modos de proteger essas regiões naturais de sequestro de carbono.
“As soluções baseadas na natureza têm um papel relevante para a redução das emissões do setor de agricultura, florestas e uso da terra”, afirma Lilia Caiado, economista doutoranda em economia do meio ambiente na University College London. “Estima-se que o Brasil concentre 20% do potencial global para a redução de emissões através dessas medidas.”
Segundo um estudo publicado em 2017 no periódico científico Proceedings of the National Academy of Sciences, esse tipo de solução pode representar até 37% das medidas necessárias para manter o aumento da temperatura abaixo dos 2°C nas próximas décadas. Projeções do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) sugerem que, sem a aplicação dessas providências, será impossível cumprir as metas estabelecidas no Acordo de Paris.
Uma revisão realizada pela Ceres, coalizão de investidores e ambientalistas dos Estados Unidos, de 45 anúncios de compromissos verdes assumidos por empresas entre novembro de 2020 e março de 2021 apontou que 44% desses negócios pretende lançar mão de meios naturais para atingir a meta de emissões zero.
Uma opção para as empresas é o investimento na compensação de carbono, transação para financiar reduções nas emissões de carbono em um determinado setor ou local a fim de contrabalancear o dano causado pelas suas próprias emissões.
Esse capital costuma ser destinado a ações como reflorestamento, restauração de habitats e desenvolvimento de energias renováveis. No primeiro trimestre de 2021, pela primeira vez em alguns anos, a demanda voluntária pela compensação excedeu a oferta.
“Não existe uma solução única que nos ajudará a evitar os piores impactos da mudança climática. Não é suficiente substituir todas as fontes energéticas por fontes renováveis, trocar carros movidos a combustíveis fósseis por veículos elétricos ou plantar trilhões de árvores”, diz Daniel Bresette, diretor-executivo do Environmental and Energy Study Institute. “Só teremos sucesso se empregarmos todas essas soluções de uma vez e de forma inteligente.”