Ciência

Não é só fofura: Por que as pessoas mais os cachorros do que outros pets

Estudos apontam raízes evolutivas e biológicas do vínculo com cães

Publicado em 22 de dezembro de 2025 às 20h49.

Amar cachorros, segundo a ciência, está ligado à história da domesticação dos cães e a mecanismos biológicos do cérebro humano. Pesquisas em genética, antropologia e neurociência indicam que a relação entre os dois começou há dezenas de milhares de anos. Evidências apontam que os cães foram os primeiros animais domesticados. Desde então, a convivência moldou comportamentos, emoções e vínculos afetivos.

Análises genéticas mostram que os cães descendem de lobos extintos, conforme destacou a BBC. O parente vivo mais próximo é o lobo-cinzento moderno. Um estudo com DNA antigo, publicado em 2017, indica que a domesticação ocorreu na Europa. O processo teria acontecido entre 20 mil e 40 mil anos atrás. A descoberta contrariou teorias anteriores sobre múltiplas origens.

Como os lobos se tornaram cães domésticos?

Cientistas ainda debatem como ocorreu a domesticação inicial. Uma hipótese sugere que humanos criaram filhotes de lobos menos agressivos. Outra teoria aponta que os próprios lobos se aproximaram de assentamentos humanos. Os animais mais tolerantes passaram a se alimentar de restos deixados pelas pessoas. Esses indivíduos sobreviveram e se reproduziram mais. O processo teria ocorrido por seleção natural, sem planejamento humano.

Para Greger Larson, da Universidade de Oxford, a relação começou de forma gradual. Segundo ele, humanos e lobos perceberam benefícios mútuos. Os lobos ajudavam como sentinelas e na caça. Os humanos ofereciam acesso regular a alimento. A cooperação teria fortalecido o vínculo inicial.

Por que os cães passaram a viver tão próximos das pessoas?

Ao longo do tempo, os humanos passaram a selecionar cães para funções específicas. Surgiram animais voltados à caça, ao pastoreio e à guarda. Com a evolução das sociedades, essas funções mudaram. Hoje, cachorros atuam como guias, farejadores e animais de apoio. A intervenção humana explica a grande diversidade de raças. Segundo especialistas, os cães apresentam maior variação de tamanho do que qualquer outro mamífero.

Pesquisas em comportamento animal indicam que, em algum momento, os cães deixaram de ser apenas auxiliares. Eles passaram a ocupar um papel afetivo dentro das famílias.

Um estudo da Universidade de Newcastle, publicado em 2020, analisou lápides de cemitérios de pets. O trabalho mostrou mudança na linguagem usada para descrever animais. Referências a “membro da família” se tornaram mais comuns após a Segunda Guerra Mundial.

O que a ciência diz sobre a 'fofura' dos filhotes?

Pesquisas indicam que a aparência dos filhotes influencia o vínculo humano. Segundo a Universidade Cornell, o período entre oito e 12 semanas é crucial para a socialização dos cães. Um estudo da Universidade Estadual do Arizona, de 2018, aponta que esse intervalo coincide com o pico de “fofura”. Isso aumenta a probabilidade de adoção e cuidado humano.

Outro estudo, publicado em 2019, mostrou que cães desenvolveram músculos ao redor dos olhos. Essas estruturas permitem expressões faciais específicas. O chamado “olhar pidão” desperta respostas emocionais em humanos. Segundo pesquisadores, essa adaptação favoreceu a criação de laços afetivos duradouros.

Os cães realmente nos amam?

Pesquisas em neurociência sugerem que o vínculo é recíproco. O neurocientista Gregory Berns, da Universidade Emory, estudou cérebros de cães por ressonância magnética.

Os exames mostraram ativação de áreas ligadas a expectativas positivas. O estímulo mais forte foi o cheiro de humanos familiares. Os dados indicam que o afeto humano influencia diretamente o comportamento canino.

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