Ciência

Morre paciente que recebeu coração de porco em transplante inédito

Pesquisadores do Centro Médico da Universidade de Maryland não sabem ainda se seu corpo rejeitou o órgão

Nos EUA, médicos realizam transplante de coração de um porco geneticamente modificado para um paciente humano, procedimento inédito no mundo.  (Foto/AFP)

Nos EUA, médicos realizam transplante de coração de um porco geneticamente modificado para um paciente humano, procedimento inédito no mundo. (Foto/AFP)

A primeira pessoa a receber um transplante de coração vindo de um um porco geneticamente modificado morreu na tarde de terça-feira, 8, no Centro Médico da Universidade de Maryland, dois meses após a cirurgia.

David Bennett, o paciente, de 57 anos, tinha uma doença cardíaca grave e por conta do baixa expectativa de vida concordou em receber o coração pela cirurgia experimental e inovadora.

Para os pesquisadores e médicos envolvidos na pesquisa do transplante, ainda não está claro se o corpo de Bennett estava rejeitando o órgão estranho.

E, por hora, não há informações oficiais sobre a causa da morte, já que os cientistas planejam publicar os resultados em um estudo revisado por pares.

Bartley Griffith, o cirurgião que realizou o transplante, disse que a equipe do hospital ficou "devastada" com a perda de Bennett.

"Ele provou ser um paciente corajoso e nobre que lutou até o fim", afirmou Griffith ao jornal New York Times.

Os avanços dos xenotransplantes

Entre as várias possibilidades alcançadas pela edição genética, uma delas é a de alterar os genes de animais, mais especificamente de porcos, para que se pareçam com os de humanos e com isso torne possível a compatibilidade no transplante de órgãos.

O processo, chamado xenotransplante, pode se tornar uma alternativa para dezenas de milhares de pacientes com rins, corações e outros órgãos doentes, pois há uma escassez de órgãos doados em todo o mundo.

Assim, cientistas vêm tentando produzir porcos cujos órgãos não seriam rejeitados pelo corpo humano, um esforço de pesquisa que ganhou força na última década.

Em outubro do ano passado, um rim modificado foi transplantado para um paciente humano com morte cerebral, mantendo-se funcional por 54 horas.

Na véspera de Ano Novo, a Food and Drug Administration (FDA) concedeu uma autorização para a cirurgia experimental de Bennet, que foi feita uma semana depois.

O coração transplantado teve um bom desempenho inicial e não houve sinais de rejeição por várias semanas. Mas ele não recebeu alta e, há vários dias, sua condição começou a se deteriorar, disseram autoridades do hospital.

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