Ciência

Módulo europeu faz pouso anormal em Marte

Será necessária uma análise mais profunda das informações enviadas pela sonda para "saber se sobreviveu estruturalmente ou não"

Marte: o módulo conseguiu enviar informações antes de pousar no planeta vermelho (AFP)

Marte: o módulo conseguiu enviar informações antes de pousar no planeta vermelho (AFP)

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AFP

Publicado em 20 de outubro de 2016 às 14h48.

O módulo europeu Schiaparelli pousou em Marte, mas a manobra não saiu conforme o previsto e a Agência Espacial Europeia (ESA) informou nesta quinta-feira que está analisando os dados recebidos para entender o que aconteceu.

Foi a segunda tentativa europeia - após o fracasso, em 2003, do Beagle 2 britânico - de pousar no planeta vermelho, façanha que até hoje apenas os Estados Unidos realizaram com sucesso.

O módulo conseguiu enviar informações antes de pousar no planeta vermelho, mas a ESA não sabe se este sobreviveu à manobra.

Depois de uma viagem de sete meses, a sonda TGO (Trace Gas Orbiter) e o módulo de pouso Schiaparelli se separaram no domingo passado.

O módulo, com massa de 577 kg na Terra, seguiu em direção à Marte, enquanto a TGO foi colocada na órbita do planeta.

"Não temos como determinar as condições dinâmicas nas quais o módulo tocou o solo" marciano, afirmou em uma entrevista coletiva o diretor das missões solares e planetárias da ESA, Andrea Accomazzo.

Ele disse que será necessária uma análise mais profunda das informações enviadas pela sonda para "saber se sobreviveu estruturalmente ou não".

"A missão é um sucesso"

A sonda e o Schiaparelli constituem a primeira etapa da ExoMars, uma ambiciosa missão científica russo-europeia dividida em duas fases (2016 e 2020) que pretende buscar indícios de vida atual e passada em Marte.

O TGO vai tentar detectar rastros de gases como o metano na atmosfera marciana, o que poderia indicar a presença de uma forma de vida atual no planeta.

O diretor geral da ESA, Jan Woerner, celebrou o sucesso da operação para colocar em órbita a nave TGO, "que está agora pronta para as atividades científicas (em 2018) e para enviar os dados que necessitamos para a missão em 2020".

"A missão é um sucesso e dispomos das funções que necessitamos para a missão em 2020", insistiu.

Mas os diretores da ESA reunidos no centro de controle de Darmstadt (Alemanha) admitiram que durante a manobra do módulo de pouso, justamente após a abertura do paraquedas - cerca de 50 segundos antes de tocar o solo -, "os dados recebidos não foram os esperados".

De acordo com Accomazzo será necessário "certo tempo para avaliar o que aconteceu".

"Tudo foi normal até a última parte, quando o paraquedas abriu", disse o italiano.

Análise passo a passo

Para tentar compreender o ocorrido, a ESA dispõe dos dados captados pelo radiotelescópio indiano GMRT e pela sonda europeia Mars Express que orbita em Marte.

Essas informações revelam que tudo ocorreu como se esperava até a ejeção do paraquedas, que ao que tudo indica aconteceu antes do esperado.

Os retrofoguetes que deveriam entrar em ação nos últimos segundos da manobra, após o paraquedas ser acionado, se ativaram brevemente, confirmou a ESA, "embora aparentemente desligaram antes do previsto", a uma altura que ainda não foi determinada.

"A função principal de Schiaparelli era pôr à prova a tecnologia de aterrizagem europeia", explicou Woerener. "Registrar os dados durante a descida era parte disso, e é importante que possamos saber o que aconteceu e assim nos prepararmos para o futuro".

Os americanos deram um passo decisivo em direção à conquista de Marte em 1976, quando as sondas Viking 1 e Viking 2 conseguiram aterrizar seus módulos com sucesso no planeta vermelho.

Lançado em 1996, o módulo americano Mars Pathfinder foi o primeiro a levar um pequeno robô móvel a Marte, o Sojourner.

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