Ciência

Mesmo sem anticorpos, sistema imune pode prevenir reinfecção por covid-19

Descoberta feita por cientistas suecos e publicada na revista científica Cell.com aponta a presença de células T em diversos casos de covid-19

Coronavírus: doença já deixou mais de 21 milhões de infectados no mundo todo (Radoslav Zilinsky/Getty Images)

Coronavírus: doença já deixou mais de 21 milhões de infectados no mundo todo (Radoslav Zilinsky/Getty Images)

Tamires Vitorio

Tamires Vitorio

Publicado em 17 de agosto de 2020 às 08h53.

Última atualização em 17 de agosto de 2020 às 12h18.

Uma nova pesquisa sobre a resposta do sistema imune em relação ao novo coronavírus aponta que, mesmo sem a produção de anticorpos contra o vírus, um indivíduo pode produzir células capazes de destruir a doença em casos de reinfecção. São os chamados linfócitos T --- células reativas que ajudam o organismo na defesa de infecções.

O estudo encontrou linfócitos T "robustos" em casos de pessoas que tiveram quadros leves, graves ou assintomáticos da covid-19. Segundo os pesquisadores suecos, a memória das células do corpo humano são prováveis de "desenvolver uma proteção imune duradoura ao vírus", mesmo quando as pessoas não produzem anticorpos contra a doença. Para chegar a essa conclusão, foram analisados os casos e amostras sanguíneas de 206 moradores da Suécia.

Os linfócitos foram encontrados também em familiares dos doentes que foram expostos (67%), em algum momento, ao SARS-CoV-2. "Nossos dados nos mostram que a doença é capaz de fazer com que o corpo se lembre de uma memória da célula T de forma bem robusta, abrangente e funcional, o que sugere que a exposição natural ou infecção pode, sim, prevenir episódios recorrentes de quadros graves da covid-19", diz o estudo.

A maior frequência de linfócitos T foi encontrada em casos convalescentes, ou seja, em 100% daqueles que tiveram quadros graves da doença. A célula foi encontrada em 87% dos casos leves.

Os resultados do estudo também trazem uma nova perspectiva acerca da pandemia. De quem doou sangue em 2019 no país escandinavo, 28% também desenvolveram a célula reativa. A porcentagem sobe para quem doou sangue durarante a pandemia e chega a 46%.

Desde o início da pandemia, que começou a assolar outros lugares fora da China em janeiro, cientistas e pesquisadores têm tentado encontrar uma solução para a doença. Já são 21.706.031 infectados globalmente e mais de 775 mil mortes. O Brasil, segundo país com mais casos, tem 3.340.197 doentes e cerca de 107 mil óbitos, segundo o monitoramento em tempo real da universidade americana Johns Hopkins.

De acordo com o relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS) do dia 13 de agosto, 29 vacinas estão em fase de testes e outras 138 estão em desenvolvimento.

Outros tratamentos têm sido testados, como o de anticorpos. Recentemente pesquisadores da Universidade de Columbia, nos Estados Unidos, descobriram novos anticorpos capazes de neutralizar a covid-19.

Quanto tempo dura a imunidade ao coronavírus?

Um estudo divulgado neste mês pela Universidade King’s College, de Londres, indicou que os níveis de anticorpos contra o coronavírus chegam ao pico três semanas após o início dos sintomas. No entanto, a contagem de anticorpos diminui rapidamente nas semanas seguintes.

Outra pesquisa, feita com base em um vírus semelhante por pesquisadores de Singapura, informa que a proteção contra o vírus podem ser “lembrada” por anos pelo organismo humano. Um tipo de células do sistema imunológico, as células T, ainda estão ativas contra o vírus Sars (também da família coronavírus) 17 anos depois da infecção.

Mesmo com o avanço das pesquisas, o tempo de duração da imunidade contra o novo coronavírus permanece um mistério e apenas mais estudos sobre o tema poderão revelar por quanto tempo o corpo humano pode ficar protegido de novas infecções.

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