Exame Logo

Infecção com variante do coronavírus parece ter fase aguda mais longa, diz estudo

Estudo da cepa que surgiu no Reino Unido aponta por que ela pode ser mais transmissível; resultado indica que quarentena dos infectados com a variante precisa ser maior

Coronavírus: os autores também recomendam que mais investigações genéticas sejam feitas para identificar a circulação das variantes (Jasmin Merdan/Getty Images)
EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 17 de fevereiro de 2021 às 17h23.

As novas variantes do coronavírus Sars-CoV-2 parecem ser mais transmissíveis porque a fase aguda da doença em quem se contamina com essas cepas dura mais. Desse modo, ao ficar mais tempo infecciosa, a pessoa também passa mais dias transmitindo o vírus. É o que indica o primeiro estudo que analisou um grupo de pacientes infectados com a variante B.1.1.7, que surgiu no Reino Unido .

O trabalho, liderado por pesquisadores da Escola de Saúde Pública da Universidade Harvard, tinha como objetivo avaliar se as pessoas contaminadas com a variante apresentariam uma concentração maior do vírus no nariz e na faringe, o que poderia ser uma explicação para ela ser mais transmissível. Para checar, eles fizeram teste de PCR (genético) em 65 indivíduos com o Sars-CoV-2. Apenas 7 tinham a variante B.1.1.7.

Veja também

A principal diferença observada entre eles foi o tempo de infecção. Enquanto os pacientes com a variante tiveram, em média um período total de infecção de 13,3 dias (sendo 5,3 de proliferação e 8 da fase de liberação do vírus), nos pacientes com a versão sem a mutação, a infecção total durou, em média, 8 2 dias (2 de proliferação e 6,2 de liberação). Já o pico de concentração viral nas amostras foi semelhante nos dois casos.

Os autores ponderam que o trabalho contou com uma amostra pequena de contaminados com a variante - e ainda não foi publicado em revista com revisão de pares (foi divulgado em modelo pré-print) -, mas alertam que as evidências podem apontar para a necessidade de um cuidado maior de quarentena com os infectados com essa e outras cepas que estão surgindo.

"Estes dados oferecem evidências de que esta duração estendida pode contribuir para o aumento da transmissibilidade do Sars-CoV-2 B.1.1.7", escrevem. Se forem comprovados por dados adicionais, dizem, "um período de isolamento mais longo do que o atualmente recomendado, de 10 dias após o início dos sintomas, pode ser necessário para interromper com eficácia as infecções secundárias por esta variante".

Os autores também recomendam que mais investigações genéticas sejam feitas para identificar a circulação das variantes e que o mesmo tipo de estudo seja feito com as variantes B.1.351 (que surgiu na África do Sul) e P.1. (que teve origem no Amazonas). Como todas têm mutações semelhantes, a expectativa é que o impacto na transmissibilidade seja parecido.

Acompanhe tudo sobre:CoronavírusHarvardPandemiaReino Unido

Mais lidas

exame no whatsapp

Receba as noticias da Exame no seu WhatsApp

Inscreva-se

Mais de Ciência

Mais na Exame