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Imunidade ao novo coronavírus pode, sim, ser duradoura, dizem estudos

Células B, células T: o que dizem as pesquisas científicas sobre a imunidade em relação à covid-19

Coronavírus: doença já deixou mais de 21 milhões de infectados no mundo todo (Yuichi Yamazaki/Getty Images)

Tamires Vitorio

Publicado em 17 de agosto de 2020 às 15h51.

Última atualização em 17 de agosto de 2020 às 16h13.

A memória do corpo humano pode ser responsável por uma imunidade mais duradoura ao novo coronavírus , segundo uma série de estudos feitos por pesquisadores de diversas nacionalidades.

Mais recentemente, uma pesquisa publicada na revista científica Cell.com apontou que, mesmo sem a produção de anticorpos contra o vírus, um indivíduo pode produzir células capazes de destruir a doença em casos de reinfecção. São os chamados linfócitos T — células reativas que ajudam o organismo na defesa de infecções.

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Outro estudo,dessa vez divulgado na revista científica Nature ,aponta que foram encontradas células imune contra a doençaem amostras sanguíneas de 100 voluntários, entre eles alguns que não foram sequer expostos à doença.

Cientistas da Universidade de Washington e do Instituto de Pesquisas Benaroya encontraram a presença de células B em alguns casos --- linfócitos responsáveis pelo reconhecimento e luta contra o vírus, bem como os T.

Segundo eles, os indivíduos recuperados tiveram as células T e B persistentes e, em alguns casos, aumentadas em até três meses após o aparecimento dos primeiros sintomas da doença. Os pesquisadores analisaram quadros leves, também estudados por outros cientistas, quando foi apontado que as pessoas têm uma resposta imune ao vírus apesar da gravidade do caso. As duas pesquisas, no entanto, não passaram pelo processo de revisão de pares e tampouco foram publicadas em revistas científicas.

Até o momento, o que se sabe com certeza é que em outros casos de doenças respiratórias causadas por um coronavírus (como o SARS e a MERS) uma imunidade de cerca de dois anos foi criada. Em outras variações do vírus (como a OC43 e a HKU1), as pessoas ficaram imunes por um período determinado período de tempo.

Em todos os casos, no entanto, a imunidade só dura até que surja uma nova cepa do vírus, uma vez que a mutação é inerente a ele. É o que nos faz pegar gripe mais de uma vez, por exemplo, e o que faz com que uma pessoa que já contraiu o MERS possa também contrair a covid-19.

Desde o início da pandemia, que começou a assolar outros lugares fora da China em janeiro, cientistas e pesquisadores têm tentado encontrar uma solução para a doença. Já são 21.706.031 infectados globalmente e mais de 775 mil mortes. O Brasil, segundo país com mais casos, tem 3.340.197 doentes e cerca de 107 mil óbitos, segundo o monitoramento em tempo real da universidade americana Johns Hopkins.

Quanto tempo dura a imunidade ao coronavírus?

Um estudo divulgado pela Universidade King’s College, de Londres, indicou que os níveis de anticorpos contra o coronavírus chegam ao pico três semanas após o início dos sintomas. No entanto, a contagem de anticorpos diminui rapidamente nas semanas seguintes.

Outra pesquisa, feita com base em um vírus semelhante por pesquisadores de Singapura, informa que a proteção contra o vírus podem ser “lembrada” por anos pelo organismo humano. Um tipo de células do sistema imunológico, as células T, ainda estão ativas contra o vírus Sars (também da família coronavírus) 17 anos depois da infecção.

Mesmo com o avanço das pesquisas, o tempo de duração da imunidade contra o novo coronavírus permanece um mistério e apenas mais estudos sobre o tema poderão revelar por quanto tempo o corpo humano pode ficar protegido de novas infecções.

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