Ciência

Humanos têm aversão à desigualdade social - até certo ponto

A equipe de pesquisa pediu que participantes redistribuíssem quantias de dinheiro divididas de forma desigual entre pessoas que não conheciam

Desigualdade: os participantes tendem a suavizar as piores disparidades ao redividir o dinheiro, mas não o suficiente (Andre Popov/Thinkstock)

Desigualdade: os participantes tendem a suavizar as piores disparidades ao redividir o dinheiro, mas não o suficiente (Andre Popov/Thinkstock)

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AFP

Publicado em 10 de julho de 2017 às 20h57.

Os humanos mostram uma verdadeira aversão à desigualdade de renda, mas essa compaixão é ofuscada por um desejo de não subverter a hierarquia social, disseram pesquisadores na segunda-feira.

Isso pode explicar por que os desequilíbrios sociais persistem apesar das melhores intenções da humanidade para ajudar os pobres, escreveram os pesquisadores na revista Nature Human Behaviour.

Em experimentos de laboratório, a equipe de pesquisa pediu aos participantes que redistribuíssem pequenas quantias de dinheiro que haviam sido divididas de forma desigual entre pessoas que não conheciam.

Os participantes tendem a suavizar as piores disparidades ao redividir o dinheiro, mas não o suficiente para inverter a situação social dos envolvidos.

Os participantes hesitaram quando "os vencedores se tornaram perdedores e os perdedores se tornam vencedores", concluíram os autores.

Muitos estudos anteriores descobriram que os humanos, em geral, se sentem profundamente desconfortáveis ​​com a desigualdade social.

O novo estudo, de pesquisadores chineses e americanos, foi uma tentativa de entender por que as disparidades sociais permanecem apesar dessa propensão aparentemente compassiva.

A equipe testou mais de 1.000 pessoas - crianças e adultos - de diferentes origens culturais. Os participantes eram da Índia, China, Estados Unidos, e incluíam um grupo de pastores tibetanos que viviam isolados da sociedade moderna.

Cada participante do estudo foi convidado a olhar para uma série de telas, cada uma mostrando os retratos de duas pessoas, com diferentes pilhas de moedas atribuídas a cada uma.

Os voluntários foram então perguntados se eles queriam transferir uma quantia predeterminada de dinheiro da pessoa com a maior pilha de moedas para a outra.

Os participantes eram muito menos propensos a concordar com uma transferência se esta transformasse a pessoa mais pobre na mais rica.

No grupo de pastores tibetanos, a aversão à inversão hierárquica foi "excepcionalmente alta", afirmou o estudo.

Nas crianças que fizeram os testes, a aversão à desigualdade foi claramente mensurável a partir dos quatro anos de idade.

No entanto, a "aversão à inversão de hierarquia" surgiu apenas dois anos depois, descobriram os pesquisadores, "sugerindo que essa norma seja aprendida mais tarde durante o desenvolvimento".

Quanto ao porquê de os humanos se comportarem dessa forma, os pesquisadores especularam que pode ser uma questão de sobrevivência.

Muitos animais têm ordens sociais estáveis "para reduzir a violência dentro dos grupos", escreveram.

Os autores disseram que a hierarquia cumpre uma necessidade psicológica de estrutura nos indivíduos e, em um contexto de grupo, aumenta a cooperação.

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