Homem recebe transplante raríssimo e vive com dois corações
Coração de doador era pequeno demais para o receptor e foi suturado ao órgão original
Victor Caputo
Publicado em 24 de fevereiro de 2018 às 07h00.
Última atualização em 24 de fevereiro de 2018 às 07h00.
Um homem em Hyderabad, na Índia, passou a fazer parte de um seleto grupo de indivíduos que vive com dois corações.
O paciente de 56 anos estava à beira da morte em decorrência de doenças cardiovasculares , quando um doador compatível foi encontrado – um jovem de 17 anos que havia sofrido morte cerebral. Quando o coração chegou, porém, uma surpresa desagradável: o órgão era pequeno demais para bombear sangue pelo corpo consideravelmente maior do paciente.
Dr. Gopala Krishna Gokhale, responsável pela cirurgia, falou ao jornal The Hindu sobre a situação. “O coração do doador era do tamanho de um punho normal – mas o coração da vítima era do tamanho de uma pequena bola de futebol”, afirmou.
A solução? Realizar um procedimento raro, chamado heterotopia – ou, em português claro, unir os dois corações. O objetivo era simples: ao invés de realizar uma substituição, o coração do jovem daria auxílio ao funcionamento do coração “original”.
Neste tipo de procedimento, o novo órgão é colocado na cavidade do peito à direita do coração existente, e as duas artérias esquerdas são fundidas para formar uma câmara mais larga. A aorta do novo coração, então, é acoplada à aorta existente, permitindo que as contrações musculares dos dois corações possam bombear sangue pelo sistema circulatório.
O procedimento foi realizado pela primeira vez pelo cirurgião cardíaco sul-africano Christaan Barnard, em 1974 – e até hoje aconteceu apenas cerca de 150 vezes pelo mundo. O paciente está bem desde que a operação foi realizada – mas seus médicos terão trabalho dobrado pelo resto da vida: será preciso monitorar dois corações com batimentos diferentes em leituras de eletrocardiogramas.
Este texto foi publicado originalmente no site Superinteressante.