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Hollywood e Nasa tentam fazer Marte virar moda

A coincidência da estreia do filme "Perdido em Marte" com o anúncio da descoberta de água líquida no planeta vizinho chamou a atenção nos Estados Unidos

Imagem do filme "Perdido em Marte": Nasa insiste que se trata de uma coincidência e que a divulgação da descoberta foi determinada pela publicação de um artigo na revista "Nature Geoscience" (Reprodução)
DR

Da Redação

Publicado em 6 de outubro de 2015 às 14h23.

Los Angeles - O Planeta Vermelho vive atualmente um momento feliz na Terra: Hollywood e Nasa se mobilizaram para aumentar o atrativo da exploração marciana aos olhos dos mundo e em especial dos americanos, que, em última instância, decidem sobre bilheterias e programas espaciais.

A coincidência da estreia do filme "Perdido em Marte" (lançado no primeiro fim de semana de outubro) com o anúncio da descoberta de água líquida no planeta vizinho (28 de setembro) chamou a atenção nos Estados Unidos, onde se especula sobre se os interesses do estúdio Fox e da Nasa se alinharam para lançar uma campanha que ponha Marte em moda.

A Nasa insiste que se trata de uma coincidência e que a divulgação da descoberta na semana passada foi determinada pela publicação de um artigo na revista "Nature Geoscience", onde a novidade sobre Marte era revelada à comunidade científica.

Esse texto ("Spectral evidence for hydrated salts in recurring slope lineae on Mars") foi recebido pela revista em 22 de abril, aceito em 21 de agosto e finalmente publicado em 28 de setembro, mas Ridley Scott, o diretor de "Perdido em Marte", já sabia da água em Marte.

Na própria segunda-feira do anúncio da Nasa, Scott confessou ao jornal "The New York Times" que a agência espacial mostrou a ele as imagens dois meses antes de divulgá-las ao resto do mundo, um privilégio motivado pela estreita parceria que sua produção manteve com os analistas da Nasa.

"Perdido em Marte" é baseado no livro homônimo de Andy Weir e é uma das obras de ficção preferidas da Nasa pela base científica na qual sustenta o argumento.

A obra narra a odisseia de um astronauta abandonado em Marte em um futuro próximo e cuja única opção para sobreviver é aplicar todos os conhecimentos científicos a seu alcance para transformar o Planeta Vermelho em um lugar habitável até que alguém possa resgatá-lo.

O filme, protagonizado por Matt Damon, é uma fiel adaptação do texto de Weir e o ator se mostrou entusiasmado em uma recente conversa com a Agência Efe sobre a possibilidade de o filme contribuir para despertar o interesse do público na ciência e no espaço, como ocorreu com "2001: Uma Odisseia no Espaço".

O clássico de Stanley Kubrick estreou em 1968, um ano antes de Neil Armstrong e Buzz Aldrin se tornarem os primeiros seres humanos a pisar na lua.

Para a produção, Kubrick foi assessorado por especialistas da Nasa, organização que foi colaboradora de Hollywood em várias ocasiões, embora o cinema, tradicionalmente, tenha preferido manter a liberdade criativa para ajustar a rigorosidade científica à necessária dramatização do roteiro.

A chegada à lua foi um marco na corrida espacial e a partir daí o interesse da opinião pública pelo espaço diminuiu.

O caríssimo programa Apollo terminou em 1975 e a Nasa começou uma etapa de objetivos menos ambiciosos, e com orçamento menor, segundo o Museu do Ar e Espaço (NASM).

Nos últimos anos, a agência espacial americana sofreu cortes orçamentários, aposentou suas naves e passou a depender da Rússia.

O orçamento para 2016 - de US$ 18,5 bilhões -, embora represente um aumento com relação a 2015 de US$ 500 milhões, não agradou entidade, que considerou o valor insuficiente para devolver a independência aos Estados Unidos para levar humanos ao espaço.

Seu financiamento é uma questão política decidida pelo Congresso americano, sempre sensível à opinião pública, a mesma que em outra época apoiou fervorosamente que seus impostos custeassem a chegada à lua.

Em 1964 e 1965, a Nasa consumiu mais de 4% do orçamento anual federal dos Estados Unidos, e em 2015 apenas 0,5%.

Paralelamente, Hollywood voltou a encontrar sentido às grandes produções que, como "2001: Uma Odisseia no Espaço", mostram a partir do olhar ficcional, mas com muita ciência, o quão atraente é viajar ao espaço.

"Gravidade", em 2013, e "Interestelar", em 2014, foram sucessos de bilheteria e todas as previsões indicam que o mesmo ocorrerá com "Perdido em Marte", que já contribuiu para lembrar que a Nasa pretende enviar missões tripuladas ao planeta vizinho em 2030.

Já tem alguns dias que "Perdido em Marte" e a Nasa compartilham a hashtag #JourneyToMars (Jornada para Marte) no Twitter.

O filme foi exibido para os astronautas da Estação Espacial Internacional e a agência espacial aproveitou algumas pré-estreias para instalar painéis de divulgação sobre o desafio de chegar a Marte.

"O filme 'Perdido em Marte' leva humanos à superfície de Marte. Nós estamos desenvolvendo a tecnologia para fazer o mesmo em nossa viagem real a esse planeta", escreveu a Nasa no Twitter em 25 de setembro.

Em 2014, por ocasião dos 45 anos da estreia do filme de Kubrick, a agência espacial publicou um texto intitulado "A ficção científica de 1968 é a realidade de hoje", agradecendo o filme por ter ajudado as pessoas a se "apaixonarem" pela exploração espacial, o mesmo afeto que parece querer reviver agora.

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Los Angeles - O Planeta Vermelho vive atualmente um momento feliz na Terra: Hollywood e Nasa se mobilizaram para aumentar o atrativo da exploração marciana aos olhos dos mundo e em especial dos americanos, que, em última instância, decidem sobre bilheterias e programas espaciais.

A coincidência da estreia do filme "Perdido em Marte" (lançado no primeiro fim de semana de outubro) com o anúncio da descoberta de água líquida no planeta vizinho (28 de setembro) chamou a atenção nos Estados Unidos, onde se especula sobre se os interesses do estúdio Fox e da Nasa se alinharam para lançar uma campanha que ponha Marte em moda.

A Nasa insiste que se trata de uma coincidência e que a divulgação da descoberta na semana passada foi determinada pela publicação de um artigo na revista "Nature Geoscience", onde a novidade sobre Marte era revelada à comunidade científica.

Esse texto ("Spectral evidence for hydrated salts in recurring slope lineae on Mars") foi recebido pela revista em 22 de abril, aceito em 21 de agosto e finalmente publicado em 28 de setembro, mas Ridley Scott, o diretor de "Perdido em Marte", já sabia da água em Marte.

Na própria segunda-feira do anúncio da Nasa, Scott confessou ao jornal "The New York Times" que a agência espacial mostrou a ele as imagens dois meses antes de divulgá-las ao resto do mundo, um privilégio motivado pela estreita parceria que sua produção manteve com os analistas da Nasa.

"Perdido em Marte" é baseado no livro homônimo de Andy Weir e é uma das obras de ficção preferidas da Nasa pela base científica na qual sustenta o argumento.

A obra narra a odisseia de um astronauta abandonado em Marte em um futuro próximo e cuja única opção para sobreviver é aplicar todos os conhecimentos científicos a seu alcance para transformar o Planeta Vermelho em um lugar habitável até que alguém possa resgatá-lo.

O filme, protagonizado por Matt Damon, é uma fiel adaptação do texto de Weir e o ator se mostrou entusiasmado em uma recente conversa com a Agência Efe sobre a possibilidade de o filme contribuir para despertar o interesse do público na ciência e no espaço, como ocorreu com "2001: Uma Odisseia no Espaço".

O clássico de Stanley Kubrick estreou em 1968, um ano antes de Neil Armstrong e Buzz Aldrin se tornarem os primeiros seres humanos a pisar na lua.

Para a produção, Kubrick foi assessorado por especialistas da Nasa, organização que foi colaboradora de Hollywood em várias ocasiões, embora o cinema, tradicionalmente, tenha preferido manter a liberdade criativa para ajustar a rigorosidade científica à necessária dramatização do roteiro.

A chegada à lua foi um marco na corrida espacial e a partir daí o interesse da opinião pública pelo espaço diminuiu.

O caríssimo programa Apollo terminou em 1975 e a Nasa começou uma etapa de objetivos menos ambiciosos, e com orçamento menor, segundo o Museu do Ar e Espaço (NASM).

Nos últimos anos, a agência espacial americana sofreu cortes orçamentários, aposentou suas naves e passou a depender da Rússia.

O orçamento para 2016 - de US$ 18,5 bilhões -, embora represente um aumento com relação a 2015 de US$ 500 milhões, não agradou entidade, que considerou o valor insuficiente para devolver a independência aos Estados Unidos para levar humanos ao espaço.

Seu financiamento é uma questão política decidida pelo Congresso americano, sempre sensível à opinião pública, a mesma que em outra época apoiou fervorosamente que seus impostos custeassem a chegada à lua.

Em 1964 e 1965, a Nasa consumiu mais de 4% do orçamento anual federal dos Estados Unidos, e em 2015 apenas 0,5%.

Paralelamente, Hollywood voltou a encontrar sentido às grandes produções que, como "2001: Uma Odisseia no Espaço", mostram a partir do olhar ficcional, mas com muita ciência, o quão atraente é viajar ao espaço.

"Gravidade", em 2013, e "Interestelar", em 2014, foram sucessos de bilheteria e todas as previsões indicam que o mesmo ocorrerá com "Perdido em Marte", que já contribuiu para lembrar que a Nasa pretende enviar missões tripuladas ao planeta vizinho em 2030.

Já tem alguns dias que "Perdido em Marte" e a Nasa compartilham a hashtag #JourneyToMars (Jornada para Marte) no Twitter.

O filme foi exibido para os astronautas da Estação Espacial Internacional e a agência espacial aproveitou algumas pré-estreias para instalar painéis de divulgação sobre o desafio de chegar a Marte.

"O filme 'Perdido em Marte' leva humanos à superfície de Marte. Nós estamos desenvolvendo a tecnologia para fazer o mesmo em nossa viagem real a esse planeta", escreveu a Nasa no Twitter em 25 de setembro.

Em 2014, por ocasião dos 45 anos da estreia do filme de Kubrick, a agência espacial publicou um texto intitulado "A ficção científica de 1968 é a realidade de hoje", agradecendo o filme por ter ajudado as pessoas a se "apaixonarem" pela exploração espacial, o mesmo afeto que parece querer reviver agora.

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