Ciência

Gonorreia está mais resistente aos antibióticos, alerta OMS

Diminuição no uso dos preservativos, maior número de viagens e tratamento inadaptado contribuem para o aumento dos casos

OMS: "Em alguns países, em particular os de renda elevada, onde a vigilância é mais eficaz, detectam-se casos de infecção impossíveis de tratar" (Getty Images/Getty Images)

OMS: "Em alguns países, em particular os de renda elevada, onde a vigilância é mais eficaz, detectam-se casos de infecção impossíveis de tratar" (Getty Images/Getty Images)

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AFP

Publicado em 7 de julho de 2017 às 13h08.

A gonorreia está se tornando cada vez mais difícil de tratar, por sua crescente resistência aos antibióticos - advertiu a Organização Mundial de Saúde (OMS) nesta sexta-feira (7).

De acordo com a OMS, 78 milhões de pessoas contraem a doença a cada ano.

"A bactéria responsável pela gonorreia é especialmente inteligente. Cada vez que usamos um novo tipo de antibiótico para tratar da infecção, a bactéria evolui para resistir a eles", explica a doutora Teodora Wi, em um comunicado da OMS, destacando a necessidade de desenvolver "novos medicamentos".

Baseando-se em dados de 77 países, a OMS adverte contra uma "resistência ampliada aos antibióticos mais antigos, que também são os mais baratos".

"Em alguns países, em particular os de renda elevada, onde a vigilância é mais eficaz, detectam-se casos de infecção impossíveis de tratar", completa a nota da OMS.

Do total de pessoas afetadas todos os anos, cerca de 35,2 milhões vivem na região Pacífico Ocidental da divisão estabelecida pela OMS (Austrália, ilhas do Pacífico, China, Japão, etc.); 11,4, na região do sudeste da Ásia; 11,4, na África; 11, nas Américas; 4,7, na Europa; e 4,5, no Mediterrâneo Oriental.

Segundo a OMS, "o menor uso dos preservativos, o maior número de viagens, as baixas taxas de detecção da infecção, assim como um tratamento inadaptado" contribuem para o aumento dos casos.

A gonorreia é uma infecção que pode afetar os órgãos genitais, o reto e a garganta. É transmitida durante a relação sexual sem proteção por via oral, anal e vaginal.

"As complicações afetam muito mais as mulheres, que se expõem, em particular, a um risco de doença inflamatória pélvica, a uma gravidez extrauterina, à esterilidade, assim como a um risco aumentado de infecção do vírus HIV", destacou a OMS.

Apenas três novos medicamentos se encontram em estudo atualmente.

"Buscar novos antibióticos não é muito atrativo para os laboratórios farmacêuticos", aponta a OMS.

A razão principal - denuncia a organização - é que "esses tratamentos são ministrados unicamente durante períodos curtos".

A OMS se associou à entidade independente Iniciativa Medicamentos contra as Doenças Esquecidas para tentar desenvolver novos antibióticos.

"No mais longo prazo, será necessária uma vacina para prevenir a gonorreia", alerta o diretor do Departamento de Resistência aos Antimicrobianos da OMS, doutor Marc Sprenger.

A organização insiste na importância da prevenção, com "comportamentos sexuais mais seguros, em particular, o uso correto e regular do preservativo".

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