Gato-de-cabeça-achatada: espécie foi registrada neste ano na Tailândia após 30 anos (AFP/AFP)
Repórter
Publicado em 26 de dezembro de 2025 às 19h33.
Pesquisadores registraram pela primeira vez em quase 30 anos a presença do raro gato-de-cabeça-achatada (Prionailurus planiceps) na Tailândia. A espécie foi flagrada por câmeras de monitoramento remoto instaladas no Santuário de Vida Selvagem Princesa Sirindhorn, no sul do país, com registros feitos ao longo deste ano.
O anúncio foi feito nesta sexta-feira, 26 de dezembro, pela Panthera, organização internacional voltada à conservação de felinos selvagens.
A última aparição registrada da espécie em território tailandês ocorreu em 1995. Desde então, sem novos registros, o animal era considerado “possivelmente extinto” no país, segundo o site Live Science.
Discreto e imprevisível, o gato-de-cabeça-achatada vive em áreas úmidas, como pântanos e florestas de planície, e é conhecido por características incomuns, como patas parcialmente palmadas e uma testa achatada. Pesa cerca de 2 kg e é considerado o menor felino selvagem do sudeste asiático.
A pesquisa da Panthera utilizou armadilhas fotográficas fornecidas pelo Departamento de Parques Nacionais, Vida Selvagem e Conservação de Plantas da Tailândia (DNP). Foram analisadas 13 detecções realizadas em 2024 e outras 16 em 2025. O destaque foi o flagrante de uma fêmea acompanhada de um filhote — a primeira evidência concreta de que a espécie está se reproduzindo na Tailândia.
De acordo com Rattapan Pattanarangsan, gerente do Programa de Conservação da Panthera Tailândia, os resultados só foram possíveis após a instalação cuidadosa dos equipamentos em áreas com alta probabilidade de presença do animal, com base em estudos anteriores com o gato-pescador, espécie que também habita regiões alagadas.
Apesar do avanço, o cenário global da espécie permanece crítico. A última avaliação da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN), feita em 2014, classificou o gato-de-cabeça-achatada como ameaçado de extinção. A estimativa atual é de menos de 2.500 indivíduos, distribuídos entre Brunei, Indonésia, Malásia e, agora confirmadamente, Tailândia.
A principal ameaça continua sendo a perda de habitat natural, agravada por atividades humanas como caça e pesca predatória. Uma nova análise da IUCN está prevista para 2026 e incluirá os dados coletados na Tailândia.
Segundo Pattanarangsan, o caso reforça a necessidade de ampliar os esforços de monitoramento em regiões ainda pouco exploradas. “Muitas áreas podem esconder populações desconhecidas de espécies raras. Esses dados são cruciais para definir ações de conservação eficazes.”