Ciência

Farmacêuticas buscam alternativas a analgésicos com opioides

Empresas querem buscar alternaticas a drogas como morfina, fentanil e oxicodona, analgésicos muito poderosos e que causam dependência

Remédios: empresas estão bastante motivadas para criar alternativas ao mercado de opioides (Philippe Huguen/AFP/AFP)

Remédios: empresas estão bastante motivadas para criar alternativas ao mercado de opioides (Philippe Huguen/AFP/AFP)

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Da Redação

Publicado em 28 de junho de 2017 às 14h28.

Após uma série de overdoses e mortes geradas pela crise de dependência de opioides nos EUA, as empresas farmacêuticas estão correndo para criar analgésicos mais seguros.

As empresas estão bastante motivadas para criar alternativas ao mercado de opioides, de US$ 4 bilhões.

O governo dos EUA está reprimindo a prescrição negligente que contribui para milhares de mortes por ano e começou a impedir a venda de medicamentos que considera inseguros.

Drogas como morfina, fentanil e oxicodona são analgésicos muito poderosos porque bloqueiam sinais de dor de forma muito efetiva atuando diretamente no cérebro.

Como atuam em um nível tão fundamental, esses medicamentos seriam analgésicos perfeitos se não tendessem a causar dependência.

“Na faculdade de Medicina costumávamos jogar este jogo: se você só pudesse levar cinco medicamentos para uma ilha deserta, quais seriam? Todos diziam morfina, porque é um remédio fantástico para a dor”, disse Morgan Sheng, vice-presidente de neurociência e biologia molecular da Genentech, uma unidade da Roche Holding.

As empresas farmacêuticas estão encarando o desafio de todos os ângulos, trabalhando para criar um arsenal de medicamentos feitos sob medida para diferentes formas de dor.

Essas novas drogas estão extraindo atributos de pimentas e da maconha conhecidos por modificar a dor e valendo-se de mutações genéticas humanas que alteram a forma como as pessoas sentem dor para produzir novos tratamentos para os 100 milhões de pacientes crônicos do país. Um dos medicamentos mais avançados em desenvolvimento deriva de uma toxina mortal encontrada no caracol-do-cone.

Muitas dessas inovações se destinam a tratar a dor da osteoartrite, um enorme mercado devido ao envelhecimento da geração dos baby boomers (nascidos após a Segunda Guerra Mundial).

A Centrexion Therapeutics está desenvolvendo uma injeção que usa capsaicina sintética, um ingrediente ativo de pimentas. Um teste de fase intermediária mostrou que uma única injeção no joelho dos pacientes trazia um alívio significativo por até seis meses.

Adotando outra tática, a Genentech está desenvolvendo um medicamento oral baseado em mutações genéticas extremamente raras que impedem as pessoas de sentirem dor. O estudo dessas mutações ajudou os cientistas a descobrirem uma via no corpo chamada canal iônico de sódio Nav 1.7, que está envolvido com a dor. Ao modular o canal, a Genentech espera que seu comprimido possa diminuir o sofrimento.

Entre os demais tratamentos pré-clínicos estão os remédios experimentais da Cara Therapeutics e da Centrexion, que miram os receptores canabinoides, imitando o efeito analgésico da maconha. Enquanto isso, cientistas da Hunter College, em Nova York, trabalham para produzir um analgésico intravenoso com base em uma toxina encontrada no caracol-de-cone.

A Trevena, por sua vez, trabalha em um opioide mais seguro de uso hospitalar que não retarda a respiração dos pacientes, como muitos outros opioides atuais.

“Aguardamos ansiosamente o dia em que chegaremos a um tratamento para a dor que não causa vício nem efeitos colaterais, mas, enquanto não encontrarmos esse remédio perfeito, os opioides continuarão tendo um lugar”, disse a CEO da empresa, Maxine Gowen.

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