Ciência

Experimento fará mapa do universo e pode desvendar o que é energia escura

Equipe de astrônomos irá criar um mapa tridimensional do universo para tentar entender sua constante expansão, que acontece por conta da misteriosa energia escura

A energia escura compõe cerca de 68% de toda massa e energia do universo (AFP/ ESA/AFP)

A energia escura compõe cerca de 68% de toda massa e energia do universo (AFP/ ESA/AFP)

LP

Laura Pancini

Publicado em 6 de maio de 2021 às 13h26.

Astrônomos da Universidade de Penn State, nos Estados Unidos, estão trabalhando em um experimento que pode nos oferecer pistas sobre o que é a energia escura, matéria misteriosa que cientistas acreditam que pode estar atrasando a expansão do universo.

Além disso, o experimento HETDEX (em português, "Telescópio Hobby-Eberly Experimento de Energia Escura"), irá observar um milhão de galáxias para mapear a estrutura do universo.

“O HETDEX é muito ambicioso. Somos os únicos indo tão longe para ver o componente de energia escura do universo e como ele está evoluindo”, disse Robin Ciardullo, professor de astrofísica e participante do experimento, em comunicado.

Durante o século 20, o consenso na comunidade de astrônomos era que a expansão do universo iria desacelerar eventualmente devido à gravidade. Uma hora, a expansão iria parar e o universo "colapsaria em si mesmo".

Porém, novas teorias mostram que o universo parece estar expandindo sem qualquer hesitação devido a energia escura, que compõe cerca de 68% de toda massa e energia do universo. Desde então, os profissionais da área vêm lutando para entender o que a tal energia realmente é.

“Sempre que os astrônomos dizem 'escuro', isso significa que não temos nenhuma pista sobre isso”, disse Donghui Jeong, professor de astrofísica da Penn State University, em comunicado. “A energia escura é apenas outra maneira de dizer que não sabemos o que está causando essa expansão acelerada.”

Como funciona o HETDEX?

A equipe utilizará o telescópio Hobby-Eberly, que tem uma antena parabólica de 10 metros que capta as "oscilasções acústicas bariônicas" deixadas pelo Big Bang, ondas que não são audíveis, mas que a distribuição da matéria as torna vísiveis.

Montado no telescópio, um conjunto de mais de 150 espectrógrafos chamado VIRUS (em português, "espectrógrafos de unidade replicável de campo integral visível") reúne a luz das galáxias em um arranjo de 35.000 fibras ópticas e as divide em seus comprimentos de onda, em uma ordem contínua conhecida como espectro.

Os espectros das galáxias revelam, entre outras coisas, a velocidade com que estão se afastando de nós - uma medida conhecida como "redshift". Calculando a distância, a equipe do HETDEX irá conseguir produzir um mapa tridimensional das posições de cada um. “Basicamente, fazemos um mapa tridimensional das galáxias e depois medimos”, resume Jeong.

“A física das ondas sonoras é bastante conhecida”, disse Ciardullo. “Você vê o quão longe essas coisas foram, você sabe a velocidade com que as ondas sonoras viajaram, então você sabe a distância. Você tem um padrão governante no universo, ao longo da história cósmica.”

Por enquanto, a equipe está observando grandes faixas do céu noturno e não está limitando sua pesquisa. Isso quer dizer que teremos que esperar um pouco para desvendar os mistérios que cercam nosso universo em constante expansão.

Quais são os maiores desafios da ciência em 2021? Entenda assinando a EXAME.

Acompanhe tudo sobre:AstronomiaEnergiaPesquisas científicasTelescópios

Mais de Ciência

Cientistas conseguem reverter problemas de visão usando células-tronco pela primeira vez

Meteorito sugere que existia água em Marte há 742 milhões de anos

Como esta cientista curou o próprio câncer de mama — e por que isso não deve ser repetido

Múmia de filhote de tigre dente-de-sabre é encontrada 'intacta'; veja foto