Ciência

Famosa australophitecus Lucy passava muito tempo em árvores

Nossa antiga ancestral provavelmente se movia tanto como um chimpanzé moderno quanto como um humano moderno

Lucy: o estudo revela que o deslocamento pelas árvores era muito importante para nossos primeiros antepassados (Tim Boyle/Getty Images)

Lucy: o estudo revela que o deslocamento pelas árvores era muito importante para nossos primeiros antepassados (Tim Boyle/Getty Images)

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AFP

Publicado em 1 de dezembro de 2016 às 15h32.

Última atualização em 1 de dezembro de 2016 às 16h56.

Lucy, a famosa australophitecus que viveu há 3,18 milhões de anos, provavelmente passava ao menos um terço do seu dia em árvores, de acordo com uma pesquisa divulgada na quarta-feira.

Nossa antiga ancestral, cujo esqueleto parcial fossilizado foi descoberto na Etiópia em 1974, provavelmente se movia tanto como um chimpanzé moderno quanto como um humano moderno, de acordo com um novo estudo publicado na revista científica PLOS ONE por pesquisadores da Universidade Johns Hopkins, em Baltimore, Maryland, e da Universidade do Texas, em Austin.

Este exemplar de Australopithecus afarensis, de cerca de um metro de altura, vem confundindo os paleontólogos há anos.

Eles debatem se o hominídeo bípede de 27 quilos passava a maior parte do tempo no chão, como os seres humanos modernos, ou nas árvores, como os chimpanzés.

O estudo concluiu que Lucy tinha braços fortes, sugerindo que ela subia em árvores regularmente, e pernas relativamente fracas, que não eram utilizadas na escalada e que eram ineficazes para caminhar.

A combinação das duas descobertas levou os pesquisadores a concluírem que Lucy provavelmente se aninhava em galhos de árvores durante a noite, a fim de evitar predadores, usava seus braços para se mover entre as árvores e possivelmente procurava alimentos entre os ramos.

Os pesquisadores analisaram os ossos de Lucy combinando 35.000 imagens individuais tomadas com um poderoso scanner capaz de penetrar nas camadas de minerais em seus restos fossilizados e de produzir imagens de alta definição.

Eles estudaram as estruturas internas dos ossos superiores dos dois braços de Lucy e do osso do fêmur de sua perna esquerda, e descobriram que seus membros superiores eram altamente desenvolvidos - sugerindo que eles tinham músculos fortes, semelhantes aos dos chimpanzés modernos que escalam árvores.

"É um fato bem estabelecido que o esqueleto responde às cargas durante a vida, adicionando osso para resistir a forças elevadas e subtraindo osso quando as forças são reduzidas", disse John Kappelman, professor de antropologia da Universidade do Texas e um dos principais autores da pesquisa.

Os esqueletos de chimpanzés têm membros superiores mais robustos, porque usam os braços para escalar, enquanto os humanos têm os membros inferiores mais desenvolvidos devido à caminhada, de acordo com Christophe Ruff, professor de anatomia da Universidade Johns Hopkins e coautor do estudo.

"Os resultados sobre Lucy são convincentes", disse.

Outro estudo recente concluiu que Lucy provavelmente morreu ao cair de uma árvore particularmente alta. A pesquisa, publicada na revista britânica Nature, chegou a essa conclusão após a análise de uma fratura óssea nos restos fossilizados do hominídeo.

Mas os cientistas tiveram dificuldades para determinar exatamente quanto tempo Lucy passava fora do chão. O novo estudo sugere que, se ela dormisse cerca de oito horas por dia, teria passado pelo menos um terço do seu tempo entre os galhos.

Outras comparações no estudo sugerem que mesmo quando Lucy caminhava sobre suas duas pernas, ela fazia isso de forma menos eficiente do que os humanos modernos, com uma capacidade limitada de se mover por longas distâncias a pé.

Considerada durante muito tempo a parente mais antiga do homem, Lucy perdeu seu status em 1994, após a descoberta - também na Etiópia - de Ardi, uma fêmea da espécie Ardipithecus ramidus, que viveu há 4,5 milhões de anos.

Ela é o fóssil hominídeo mais antigo do ramo da família dos primatas cuja evolução levou aos humanos.

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