Exame Logo

Estudo mostra que cigarro light é mais perigoso do que os normais

Os cigarros do tipo light têm contribuído para um forte aumento de um certo tipo de câncer de pulmão, mostra estudo

Cigarro: estudo mostra que os do tipo light são até mais perigosos do que os regulares (Zoonar RF/Getty Images)
A

AFP

Publicado em 23 de maio de 2017 às 10h40.

Última atualização em 23 de maio de 2017 às 12h58.

Os cigarros "light" são mais perigosos para a saúde que os normais e têm contribuído para um forte aumento de um certo tipo de câncer de pulmão, revelou um estudo publicado nesta segunda-feira.

Cientistas de cinco centros de pesquisas sobre o câncer nos Estados Unidos concluíram que estes cigarros, que têm filtros perfurados, explicariam o aumento nos últimos 50 anos do adenocarcinoma pulmonar.

Veja também

Este tipo de câncer é o mais comum atualmente entre fumantes. A frequência deste tipo de tumor pulmonar diminuiu à medida que o número de fumantes nos Estados Unidos caiu de forma constante durante décadas.

Os resultados destas análises confirmam o que os investigadores suspeitam há anos e que vão na contramão do que diz a indústria do tabaco com relação a que os cigarros light são menos nocivos.

Os filtros com furos de ventilação foram lançados no mercado há meio século.

"Eles foram projetados para enganar os fumantes e as autoridades de saúde pública", afirmou o doutor Peter Shields, diretor adjunto do Centro Oncológico Integral da Universidade do Estado de Ohio, um dos principais autores do estudo público na revista do Instituto Nacional do Câncer.

"A análise dos nossos dados sugere claramente uma relação entre o número de buracos agregados aos filtros dos cigarros e um aumento nas taxas de adenocarcinomas pulmonares nos últimos 20 anos", afirma o pesquisador.

Para Shields, "é particularmente preocupante o fato de que estes filtros com buracos estão praticamente em todos os cigarros vendidos na atualmente".

Os cientistas avaliam que os filtros perfurados fazem inalar mais fumaça com taxas mais concentradas de carcinógenos e outras toxinas.

"Estes filtros modificam a combustão do tabaco, o que produz mais carcinógenos na forma de partículas finas que chegam às partes mais profundas dos pulmões, onde costumam se desenvolver mais os adenocarcinomas", acrescentou Shields.

As regulamentações em vigor proíbem às empresas fabricantes de tabaco de colocar nos pacotes de cigarros e em anúncios as palavras "light" e "baixo conteúdo de alcatrão".

Mas os pesquisadores acreditam que os resultados de seu último estudo deveria fazer a agência dos Estados Unidos que supervisiona os alimentos e medicamentos, a FDA, regulasse ou inclusive proibisse totalmente os filtros ventilados.

Igualmente, consideram que são necessárias mais investigações para confirmar que a eliminação dos buracos nos filtros não se traduziria em um aumento de dependência da nicotina ou em uma maior exposição aos agentes tóxicos dos cigarros.

Os Estados Unidos têm mais de 36 milhões de fumantes e 40% dos cânceres diagnosticados no país estão relacionados com o tabagismo, segundo os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC).

Acompanhe tudo sobre:CigarrosSaúde

Mais lidas

exame no whatsapp

Receba as noticias da Exame no seu WhatsApp

Inscreva-se

Mais de Ciência

Mais na Exame