Ciência

Aspirina pode reduzir mortes por covid-19 em até 47%, diz estudo

Pesquisa foi feita pela Universidade de Maryland; resultados não significam que as pessoas devam se medicar sem orientação médica

Aspirina: pesquisadores tentam descobrir efeitos da medicação no tratamento da covid-19 (Tetra Images/Getty Images)

Aspirina: pesquisadores tentam descobrir efeitos da medicação no tratamento da covid-19 (Tetra Images/Getty Images)

Tamires Vitorio

Tamires Vitorio

Publicado em 23 de outubro de 2020 às 17h57.

Última atualização em 2 de fevereiro de 2021 às 12h10.

A aspirina, remédio comum na gaveta de diversas pessoas no mundo todo, pode ajudar a reduzir o número de mortes em hospitais em decorrência do novo coronavírus. Isso é o que aponta um estudo realizado pela Escola de Medicina da Universidade de Maryland, nos Estados Unidos. Segundo os pesquisadores, a aspirina reduziu em 44% o risco de um paciente ser colocado em ventiladores mecânicos para a respiração e em 47% o risco de morte em quadros mais graves da doença. Apesar disso, os resultados não significam que as pessoas devam se medicar sem orientação médica prévia. Quer entender a evolução da pandemia e o cenário de reabertura no país? Acesse a EXAME Research.

Para chegar a essa conclusão, os cientistas levaram em conta o prontuário médico de 412 pacientes que haviam sido internados nos últimos meses por covid-19 e que tinham, em média, 55 anos de idade. Um quarto dos pacientes foi tratado com uma dose baixa de aspirina (cerca de 81 miligramas), antes de serem admitidos ou pouco depois de sua admissão para gerenciar problemas cardiovasculares. Além disso, a aspirina diminuiu em 43% a entrada dessas pessoas na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI).

Alguns médicos, segundo a pesquisa, tendem a receitar a aspirina em baixa dosagem para alguns pacientes que já tiveram problemas cardíacos ou derrames causados por coágulos sanguíneos — no entanto, o uso diário da medicação pode aumentar o risco de sangramentos intensos e até mesmo de úlceras.

Em casos de coronavírus, o remédio pode ter uma boa atuação exatamente por sua capacidade de lutar contra algumas das complicações conhecidas — mas é preciso tomar cuidado: a recomendação não é estendida para pacientes que têm riscos maiores de sangramento por doenças renares crônicas, ou que fazem uso diário de medicações que contém esteroides. "Acreditamos que os efeitos de afinar o sangue que a aspirina oferece traz benefícios para quadros de SARS-CoV-2. Os pacientes podem considerar tomar uma dose diária da medicação, desde que exista uma conversa com o médico antes", afirma Michael A. Mazzeffi, coautor do estudo.

Vale lembrar, no entanto, que a aspirina não foi aprovada para uso contra o novo coronavírus e que novos estudos devem ser feitos para confirmar sua eficácia no tratamento do vírus. Até o momento somente o remdesivir, antiviral da americana Gilead Sciences, foi aprovado para uso emergencial nos Estados Unidos.

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