Coronavírus (Radoslav Zilinsky/Getty Images)
Bloomberg
Publicado em 26 de janeiro de 2022 às 19h54.
Última atualização em 26 de janeiro de 2022 às 20h13.
Por Marthe Fourcade, da Bloomberg
Cientistas que buscam descobrir quais pacientes correm maior risco de desenvolver covid-19 por muito tempo ofereceram respostas parciais em um estudo.
As pessoas que têm fragmentos circulantes do coronavírus, anticorpos específicos direcionados contra seus próprios tecidos ou órgãos -– conhecidos como autoanticorpos -– e um ressurgimento do vírus Epstein-Barr aparentemente apresentam maior risco, disseram pesquisadores em artigo publicado na revista científica Cell.
Os cientistas estão correndo para entender e prever melhor a covid longa, na qual pacientes ainda enfrentam uma ampla gama de problemas de saúde meses após a recuperação. A equipe de mais de 50 pesquisadores encontrou alguns marcadores que podem ser identificados precocemente e parecem se correlacionar com sintomas duradouros, independentemente de a infecção inicial ser grave ou não.
Os pesquisadores acompanharam 309 pacientes com covid desde o diagnóstico inicial até a recuperação dois ou três meses depois e os compararam com indivíduos saudáveis. Eles analisaram amostras de sangue e swabs nasais, integrando os dados com registros de saúde dos pacientes e sintomas relatados por eles mesmos.
Após três meses, mais da metade dos pacientes relatou fadiga e um quarto relatou tosse persistente. Outros sofreram sintomas gastrointestinais.
Os resultados do estudo foram complexos, com diferentes perfis associados a diferentes sintomas. No geral, os cientistas apontaram para uma reativação do vírus Epstein-Barr — que geralmente permanece dormente no corpo — e fragmentos circulantes de SARS-CoV-2 como fatores que podem prever a covid longa. O mesmo aconteceu com um punhado de autoanticorpos, incluindo alguns associados ao lúpus. Eles também descobriram que pacientes com sintomas respiratórios tinham níveis baixos do hormônio cortisol.
Os pesquisadores encontraram uma correlação entre diabetes tipo 2 e tosse, que as mulheres tendiam a apresentar sintomas neurológicos, e que pacientes com doença cardíaca ou tosse pré-existente tendiam a apresentar perda de olfato ou paladar.
Os autores disseram que as descobertas apontam para potenciais estratégias de tratamento que incluem medicamentos antivirais, uma vez que têm efeito sobre a carga viral, e terapia de reposição de cortisol para pacientes com deficiência.