Ciência

Esfoliantes estão criando uma verdadeira catástrofe ambiental

São trilhões de pedaços de plástico contidos em cosméticos que estão invadindo o sistema de tratamento de água e contaminando oceanos

Beleza: p problema é que esses plastiquinhos – feitos geralmente de polietileno – são praticamente impossíveis de tirar do ambiente (shironosov/Thinkstock)

Beleza: p problema é que esses plastiquinhos – feitos geralmente de polietileno – são praticamente impossíveis de tirar do ambiente (shironosov/Thinkstock)

DR

Da Redação

Publicado em 11 de novembro de 2016 às 17h29.

Última atualização em 29 de novembro de 2016 às 20h54.

Talvez você nunca tenha pensado nisso ao passar esfoliante no banho para deixar a sua pele lisiiinha, lisinha: mas as pequenas partículas durinhas dentro do produto são micropedaços de plástico – que estão causando um verdadeiro desastre ambiental.

Os microbeads são minúsculos fragmentos de plástico, de até 5 milímetros de tamanho, que são colocados em alguns cosméticos (principalmente esfoliantes de corpo e algumas pastas de dente) para causar uma sensação extra de limpeza e tirar impurezas da pele.

O problema é que esses plastiquinhos – feitos geralmente de polietileno – são praticamente impossíveis de tirar do ambiente. Eles se infiltram nos processos de tratamento de água, entram no sistema hídrico e chegam aos trilhões aos oceanos.

Cientistas calculam que, a cada uso de esfoliante, entre 4.600 e 94 mil microbeads  (sim, você leu certo: quase 100 mil por lavada) podem ser liberados no esgoto.

Todos os dias, 508 trilhões de pedacinhos de plástico são liberados pelas casas americanas. O problema é que as partículas passam incólumes pelo sistema de tratamento de água, não conseguem ser filtrados e acabam voltando para a água da torneira.

E esse ainda é o menor dos transtornos. Quando os plastiquinhos entram nos recursos hídricos, o desastre é ainda pior. Eles vão parar nos rios e oceanos – onde são confundidos com elementos naturais e acabam engolidos por peixes, moluscos e aves.

Um estudo mostrou que 36% dos peixes do Canal da Mancha (entre a Inglaterra e a França) estão contaminados pelas partículas.

Esses peixes e moluscos, por sua vez, vão parar nos nossos pratos. Cientistas acreditam que o estrago causado por eles é praticamente incalculável, já que eles seguem se fragmentando – e ficando cada vez menores –  na natureza, o que torna impossível mensurar o tamanho da contaminação.

Os microbeads foram desenvolvidos por um engenheiro norueguês para ajudar em tratamentos médicos. Como eles conseguem entrar em praticamente todos os lugares, basta carregá-los magneticamente, por exemplo, para que eles separem substâncias ou agrupem células e bactérias.

Mas a descoberta acabou sendo usada em grande escala pela indústria de cosméticos para motivos, digamos, menos nobres: como esfoliar a pele.

Ainda não existe nenhuma tecnologia capaz de eliminar os microplásticos do ambiente. Mas diversos países – como Holanda, Suécia e Canadá – já baniram o acréscimo do ingrediente nos produtos.

Reino Unido e EUA devem fazer o mesmo até o final de 2017. Ainda assim, o estrago já está feito.

Essa matéria foi publicada originalmente pela Superinteressante

Acompanhe tudo sobre:AnimaisBelezaMeio ambienteOceanos

Mais de Ciência

Cientistas revelam o mapa mais detalhado já feito do fundo do mar; veja a imagem

Superexplosões solares podem ocorrer a cada século – e a próxima pode ser devastadora

Pepita rara foi usada como peso de porta por décadas até donos se surpreenderem com valor milionário

Astronautas da China batem recorde dos EUA em caminhada espacial