País do tamanho de Pernambuco envia missão a Marte
Sonda espacial dos Emirados Árabes Unidos irá realizar pesquisas sobre a atmosfera de Marte
Tamires Vitorio
Publicado em 14 de julho de 2020 às 06h34.
Última atualização em 20 de julho de 2020 às 09h15.
A corrida para chegar a Marte está longe de ser um sonho apenas do bilionário e fundador da Tesla, Elon Musk. Também não é um objetivo exclusivo de potências mundiais como os Estados Unidos e a Rússia, que travam uma batalha sobre o domínio espacial desde 1960.
Os Emirados Árabes Unidos , com uma população que não chega a 10 milhões de habitantes, quase a mesma quantidade se comparada o do estado de Pernambuco, enviaram neste domingo (19) a sua primeira missão espacial (tanto para o planeta vermelho quanto para qualquer lugar no espaço). O lançamento foi realizado a partir do Centro Espacial de Tanegashima, no Japão.
A viagem feita por um foguete japonês, tem previsão de chegada em órbita somente em fevereiro de 2021, com os pés fincados em Marte em março do ano que vem. As análises da atmosfera marciana já devem começar no segundo semestre de 2021 e o objetivo é analisar o clima no planeta, o que pode ajudar a entender como o planeta perdeu boa parte de sua atmosfera nos últimos bilhões de anos. A ideia também é ajudar a compreender como acontecem as estações do ano por lá.
O orbitador de Marte foi desenvolvido pelo Centro Espacial Mohammed Bin Rashid, com sede em Dubai , em parceria com o Laboratório de Física Atmosférica e Espacial da Universidade do Colorado, nos Estados Unidos.
O anúncio da missão, feito em 2014, não foi muito levado a sério porque, na época, o país não tinha nem sequer uma agência espacial ou cientistas planetários. Seis anos depois, o jogo virou. A intenção dos Emirados Árabes é deixar de ter uma economia dependente do petróleo e avançar em novas frentes, como a científica.
A espaçonave tem um nome bastante subjetivo: Hope, que quer dizer esperança em inglês. Se tudo der certo, os Emirados Árabes se tornarão o terceiro país a colocar espaçonaves em Marte – atrás dos Estados Unidos (em 1976, 1997, 2004, 2008, 2012 e 2018), e da Rússia (1971 e 1973, ainda como a União Soviética).
A missão não é tripulada – a ida de astronautas a Marte pode continuar sendo apenas ficção cientifica por algum tempo.
Existe vida em Marte?
A pergunta não ficou só na ponta da língua do cantor David Bowie em sua canção de 1971. A dúvida existe há muito tempo para cientistas, pesquisadores e empresas (privadas ou não). Em 2018, especialistas da Agência Espacial Italiana descobriram a existência de água líquida no planeta – o que poderia ser um forte indício de que algum ser poderia viver por lá. Mesmo se um tipo de vida alienígena não existir em Marte, a ideia de Musk é povoar o planeta com mais de 1 milhão de pessoas até 2050.
O plano ambicioso de Musk faz parte da missão de sua empresa, a SpaceX, que recentemente se tornou a primeira companhia privada a fazer um voo espacial tripulado nos Estados Unidos e quebrou um jejum de quase uma década sem lançamento de missões espaciais tripuladas a partir do território americano. Em 30 de maio, dois astronautas americanos foram enviados a Estação Espacial Internacional.
Para Marte, a agência espacial americana Nasa pretende enviar seu quinto (e mais poderoso) veículo a fim de encontrar evidências de vidas passadas e coletar pedras que poderão ser as primeiras a voltar para a Terra.
A China também está de olho nas terras vermelhas marcianas com uma missão chamada de Tianwen-1, que significa “busca pela verdade celestial”, programada para ser lançada no final deste mês. O objetivo dos chineses é realizar um levantamento da atmosfera do planeta e descobrir se existe água potável ou sinais de vida no local.