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Embrapa cria cenoura que dispensa agrotóxico

Segundo a Embrapa, a expectativa é que lavouras que usem a cenoura desenvolvida por ela sejam mais produtivas

Novas cenouras: hortaliças são mais resistentes à queima de folhas e não exigem adição de defensivos químicos para evitar pragas (Agnaldo Carvalho / Embrapa/Divulgação)
AB

Agência Brasil

Publicado em 12 de fevereiro de 2020 às 08h25.

Última atualização em 13 de fevereiro de 2020 às 10h21.

Os produtores rurais brasileiros em breve terão a opção de comprar novo tipo de semente de cenoura para cultivo orgânico, já batizado pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária ( Embrapa ) como Cenoura BRS Paranoá.

As hortaliças da nova cenoura são mais resistentes à queima de folhas - principal doença da cultura, causada por bactérias e fungos - e não exigem adição de defensivos químicos para evitar pragas. A nova cultivar também é mais tolerante a problemas causados por microrganismos do solo (nematoides das galhas) que afetam o crescimento da raiz.

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A expectativa é que as lavouras da Cenoura BRS Paranoá sejam mais produtivas do que as plantações com as sementes hoje disponíveis no mercado.

 

“Tem potencial produtivo de pelo menos o dobro da cenoura híbrida”, disse Agnaldo Carvalho, pesquisador da área de melhoramento genético da Embrapa Hortaliças, no Distrito Federal.

A polinização da cultivar desenvolvida pela Embrapa é aberta, não precisa ser induzida como ocorrem com as sementes híbridas atualmente mais utilizadas.

Menor custo

O método tem custo menor e os produtores, quando capacitados, podem aproveitar as sementes colhidas para o próximo plantio, evitando o gasto com a aquisição de novas sementes.

Ainda neste semestre, a Embrapa deverá lançar edital de oferta pública da semente da BRS Paranoá para que empresas privadas possam fazer o licenciamento da tecnologia, já registrada, e multipliquem e comercializem as sementes.

A estatal de pesquisa agropecuária recomenda o plantio da semente da BRS Paranoá entre os meses de outubro e março, período de entressafra de cultivares tradicionais - quando há mais calor e chuvas (típico do verão) – e o preço da cenoura tende a ser melhor para os pequenos produtores orgânicos. A colheita deve ser feita 90 dias após a semeadura.

A produção de cenoura orgânica ainda é minoritária no Brasil, mas o número de pessoas que preferem comprar cenoura orgânica cresce 20% ao ano.

A cenoura fornece ao organismo minerais e carboidratos, e é rica em carotenoides (responsável por sua pigmentação) que, no corpo humano, são convertidos em vitamina A.

De acordo com nota da Embrapa, a cenoura BRS Paranoá tem a mesma cor, aspecto e tamanho das cenouras híbridas.

“As raízes da nova cultivar atendem também ao padrão comercial exigido pelo mercado consumidor: elas têm de 16 cm a 20 cm de comprimento e por volta de três centímetros de diâmetro”, descreve o texto.

O desenvolvimento da nova cenoura ocorreu durante a última década. Entre 2010 e 2016, a Embrapa fez testes em Minas Gerais, Bahia, Santa Catarina e no Distrito Federal.

A cenoura pode ser plantada em todo o país à exceção da Região Norte por causa do clima.

Os principais polos produtores estão São Gotardo (MG), Cristalina (GO), Mauá da Serra (PR), Barbacena (MG), Caxias (RS) e Irecê (BA).

A maior parte da produção é mecanizada. No total, o país destina 20 mil hectares para a plantação da hortaliça.

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