Ciência

Em vez de relaxar, meditação pode piorar depressão e ansiedade

Prática é vista por muitas pessoas como grande aliviadora de estresse, além de aumentar a concentração, criatividade, tranquilidade e bem-estar

Meditação: cerca de uma em cada 12 pessoas que tentam meditar tem como resultado um efeito negativo (FatCamera/Getty Images)

Meditação: cerca de uma em cada 12 pessoas que tentam meditar tem como resultado um efeito negativo (FatCamera/Getty Images)

Mariana Martucci

Mariana Martucci

Publicado em 18 de agosto de 2020 às 17h54.

Última atualização em 18 de agosto de 2020 às 18h05.

A meditação e a prática de mindfulness (atenção plena) são vistas por muitas pessoas como grande aliviadoras de estresse, além de aumentarem a concentração, criatividade, tranquilidade e bem-estar.

Cerca de uma em cada 12 pessoas que tentam meditar tem como resultado um efeito negativo, geralmente ligado a um agravamento da depressão ou ansiedade, ou mesmo o aparecimento dessas condições pela primeira vez. “Para a maioria das pessoas funciona bem, mas sem dúvida não é universal”, afirma o britânico Miguel Farias, da Coventry University, um dos coordenadores da pesquisa.

Existem muitos tipos de meditação, mas um dos mais populares é o mindfulness — ou "atenção plena" em que as pessoas focam no momento presente, concentrando-se em seus próprios pensamentos, sentimentos e respiração. É recomendado por muitos profissionais da saúde como uma forma de reduzir as crises de depressão em pessoas que já tiveram a doença por mais de uma vez.

O entusiasmo pela meditação pode resultar, em parte, de uma tomada de consciência dos efeitos colaterais dos medicamentos antidepressivos e das dificuldades que algumas pessoas relatam em parar de tomá-los. Houve alguns relatos de pessoas que experimentaram piora de saúde mental depois de iniciar a meditação — mas ainda não há certeza com que frequência isso acontece..

Pesquisadores descobriram que cerca de 8% das pessoas que tentam meditação experimentam um efeito negativo. “As pessoas experimentaram desde um aumento da ansiedade até ataques de pânico”, diz Farias. Eles também encontraram casos de psicose ou pensamentos suicidas.

Katie Sparks, psicóloga e membro da Sociedade Britânica de Psicologia, afirmou que o número pode ter sido impulsionado por pessoas que tentavam meditar por causa de ansiedade ou depressão não diagnosticada. “Descobriu-se que a meditação ajuda as pessoas a relaxar e se reorientar e pode ajudá-las tanto mentalmente quanto fisicamente”, diz ela.

Mas às vezes, quando as pessoas estão tentando acalmar seus pensamentos, a mente pode se “rebelar”, diz ela. “É como uma reação à tentativa de controlar a mente e isso resulta em um episódio de ansiedade ou depressão”, afirma.

Para Katie, isso não significa que as pessoas devem parar de experimentar a técnica. "As pessoas devem optar por sessões de meditação guiada, conduzidas por um professor ou um aplicativo com uma narração gravada. O estudo pode impedir as pessoas de participarem de algo que pode ser benéfico no contexto certo”, conclui.

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