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Publicado em 24 de dezembro de 2025 às 07h00.
O cérebro humano passa por cinco estágios distintos de desenvolvimento e envelhecimento ao longo da vida. A conclusão é de um novo estudo publicado na revista científica Nature Communications, baseado na análise de milhares de exames cerebrais.
Os pesquisadores identificaram pontos de mudança estrutural nas idades médias de 9, 32, 66 e 83 anos, quando o padrão de conexões cerebrais se altera. Segundo o estudo, essas transições ajudam a explicar por que certas doenças neurológicas e transtornos mentais tendem a surgir em fases específicas da vida.
A pesquisa analisou cerca de 4 mil exames de ressonância magnética de pessoas dos Estados Unidos e do Reino Unido, desde recém-nascidos até idosos de 90 anos. Os cientistas observaram principalmente a substância branca, responsável por conectar diferentes regiões do cérebro.
Com base nesses dados, os pesquisadores mapearam cinco fases principais do desenvolvimento e envelhecimento cerebral:
Cada uma dessas etapas apresenta alterações específicas na organização das conexões neurais, refletindo mudanças no funcionamento do cérebro ao longo da vida.
Durante a infância, o cérebro cresce rapidamente, mas também passa por um processo de eliminação de conexões pouco utilizadas. Esse mecanismo, conhecido como poda neural, contribui para tornar a rede cerebral mais eficiente.
Aos 9 anos, inicia-se a fase chamada pelos pesquisadores de adolescência cerebral, que se estende até os 32 anos. Nesse período, as conexões entre as regiões do cérebro se tornam mais rápidas e eficazes, com comunicação intensa tanto entre áreas distintas quanto dentro de cada região.
Os autores do estudo destacam que esse achado ajuda a responder uma questão recorrente da neurociência: quando o cérebro atinge a maturidade funcional. De acordo com a análise, esse ponto ocorre por volta do início da terceira década de vida.
Entre os 32 e os 66 anos, o cérebro entra em um período de maior estabilidade estrutural. As regiões cerebrais tornam-se mais segregadas, e a arquitetura das conexões se mantém relativamente constante ao longo do tempo.
Segundo os pesquisadores, essa fase coincide com um platô em aspectos como desempenho cognitivo e traços de personalidade. Embora o cérebro continue ativo e adaptável, não são observadas grandes reorganizações na conectividade geral.
A partir dos 66 anos, o estudo identifica o início do envelhecimento precoce do cérebro. Nessa etapa, algumas regiões passam a formar grupos mais fortes entre si, mas com menor integração com outras áreas. Ao mesmo tempo, começa a ocorrer uma degradação gradual da substância branca.
Após os 83 anos, tem início o envelhecimento tardio. Nesse estágio, as conexões entre diferentes regiões do cérebro se tornam mais limitadas, e o funcionamento cerebral passa a depender de um número menor de vias altamente utilizadas.
Os autores ressaltam que essas mudanças não acontecem da mesma forma em todas as pessoas. Fatores como saúde cardiovascular, prática regular de exercícios físicos e interação social estão associados a melhores resultados cognitivos ao longo do envelhecimento.