Ciência

Einstein desaconselha médicos a usarem cloroquina em pacientes da covid-19

Apesar de haver testado o medicamento no combate ao coronavírus, a instituição declarou que nunca teve protocolo de uso do remédio para a doença

Hospital Albert Einstein: o comunicado do hospital se baseou em uma declaração da agência de controle de drogas e alimentos dos Estados Unidos (Nacho Doce/Reuters)

Hospital Albert Einstein: o comunicado do hospital se baseou em uma declaração da agência de controle de drogas e alimentos dos Estados Unidos (Nacho Doce/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 26 de junho de 2020 às 16h06.

O Hospital Israelita Albert Einstein distribuiu comunicado a seus médicos, nesta quinta-feira, 25, em que desaconselha a utilização da cloroquina para tratamento de pacientes infectados pelo novo coronavírus.

Apesar de haver testado o medicamento no combate à doença, a instituição declarou em nota, nesta sexta-feira, 26, que nunca teve um protocolo de uso da cloroquina e da hidroxicloroquina para tratamento da covid-19.

Médicos do corpo clínico aberto, porém, estavam prescrevendo a cloroquina em acordo com os pacientes. O uso, nesse caso, era "off label", quando um remédio é receitado fora das indicações contidas na bula - que seguem orientações da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Com a nova cartilha, o Einstein recomendou a seus profissionais que evitem a utilização do medicamento em caráter "off label" para infectados.

O comunicado do hospital se baseou em uma declaração da agência de controle de drogas e alimentos dos Estados Unidos (FDA), que revogou a autorização de uso emergencial da cloroquina e da hidroxicloroquina como tratamento para pacientes com covid-19.

De acordo com o órgão, os estudos não detectaram eficácia do remédio, além de potenciais benefícios não superarem possíveis riscos.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) suspendeu em definitivo, em 17 de junho, os testes com a hidroxicloroquina no ensaio clínico global Solidariedade, que pesquisa a eficácia e a segurança de possíveis tratamentos para o novo coronavírus.

De acordo com a entidade, os testes com a droga não reduziram as taxas de mortalidade de pacientes hospitalizados com o vírus.

No Brasil, o uso da cloroquina e da hidroxicloroquina é defendido por Jair Bolsonaro, que reconhece a falta de evidências científicas sobre a eficácia do medicamento.

Por pressão do presidente, o Ministério da Saúde liberou o remédio para todos os pacientes da covid-19 no País.

Confira, na íntegra, a nota do Hospital Albert Einstein

O Hospital Israelita Albert Einstein esclarece que nunca contou com um protocolo de uso da cloroquina e da hidroxicloroquina no tratamento da Covid-19. Médicos do corpo clínico aberto, porém, poderiam prescrever os medicamentos em acordo com os pacientes confirmados com o novo coronavírus, fazendo a utilização chamada de off label, ou seja, fora das indicações homologadas para os fármacos pela agência reguladora no Brasil, a Anvisa.

Nesta quinta-feira (25/06), o Einstein recomendou a não utilização, nem em modo off label das medicações em pacientes internados pela infecção causada pelo Sars-coV-2 no hospital, frente ao recente comunicado divulgado pela agência americana FDA revogando a autorização de uso emergencial do medicamento sulfato de hidroxicloroquina e fosfato de cloroquina no atendimento a pacientes com Covid-19, levando em consideração que os estudos não mostraram diferenças em relação ao tratamento padrão e que os benefícios da utilização dos medicamentos não superaram seus riscos conhecidos e potenciais, além de um estudo controlado randomizado não demonstrar evidência e benefícios em relação à mortalidade, ao tempo de internação ou à necessidade de ventilação mecânica.

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