Ciência

Remdesivir traz bons resultados contra coronavírus, revela estudo

A droga remdesivir foi aplicada 53 pacientes graves de coronavírus e 36 registraram uma considerável melhora no seu estado de saúde

Nova York, Estados Unidos: remdesivir traz esperanças de tratamento contra coronavírus, mas mais testes ainda são necessários (Cindy Ord / Equipe/Getty Images)

Nova York, Estados Unidos: remdesivir traz esperanças de tratamento contra coronavírus, mas mais testes ainda são necessários (Cindy Ord / Equipe/Getty Images)

Gabriela Ruic

Gabriela Ruic

Publicado em 11 de abril de 2020 às 13h09.

Última atualização em 29 de abril de 2020 às 18h58.

O remédio remdesivir pode ser mais uma esperança de tratamento contra a covid-19, a doença causada pelo novo coronavírus. Um estudo inicial, publicado nesta sexta-feira, 10, na consagrada revista científica The New England Journal of Medicine, trouxe resultados promissores do uso desse medicamento em pacientes considerados graves.

A droga, desenvolvida pelo laboratório Gilead Sciences, foi aplicada em 61 pessoas, mas apenas os dados de 53 delas puderam ser avaliados. Esses pacientes são de diferentes países e 36 exibiram uma considerável melhora no seu estado de saúde. O remédio foi aplicado durante dez dias em um tipo de estudo no qual é possível o uso de medicamentos não aprovados pelas autoridades de saúde em situações nas quais não há outra opção de tratamento disponível, informou a Bloomberg.

De acordo com cientistas entrevistados pela Bloomberg, o estudo publicado pela revista científica não traz conclusões definitivas sobre o uso do remdesivir no tratamento da covid-19. “Não podemos concluir nada em definitivo, mas as observações do grupo de pacientes hospitalizados trazem”, disse Jonathan Grein, do hospital Cedars-Sinai de Los Angeles (EUA).

Há, no entanto, vozes ainda mais céticas, como a de Stephen Evans, da London School of Hygiene & Tropical Medicine: “os dados desse estudo são quase ininterpretáveis”. “Não há como saber o que teria acontecido com esses pacientes, se não tivessem tomado a droga”, completou.

Embora o estudo tenha trazido sinais promissores, a Gilead Sciences também se pronunciou com cautela sobre os resultados obtidos na sua pesquisa. Em uma carta publicada no site oficial do laboratório, a empresa lembra que o uso do remdesivir ainda não foi aprovado para uso em nenhum lugar do planeta e que são necessários esforços mais amplos para determinar se o mesmo é um tratamento seguro e eficiente contra o novo coronavírus.

“Sentimos a urgência enquanto esperamos a Ciência falar”, escreveu Daniel O’Day, presidente da Gilead Scientes, notando a importância de estudos científicos na busca de opções.

No comunicado, a empresa lembrou que há vários estudos avaliando os efeitos do remdesivir no tratamento da covid-19, como um em andamento pelo Instituto Nacional de Alergias e Doenças Infecciosas dos Estados Unidos e outro pela Organização Mundial da Saúde (OMS). O laboratório informou, ainda, que está conduzindo outras pesquisas com a droga e que novos dados serão divulgados nos próximos dias.

A corrida mundial em busca de tratamentos para o novo coronavírus está intensa. Não faltam estudos analisando o uso de outras substâncias, como cloroquina e da hidroxicloroquina, tema frequente das falas do presidente do Brasil, Jair Bolsonaro. Até o momento, contudo, não há nenhum tratamento ou medicamento comprovadamente eficiente contra a doença.

Enquanto isso, países tentam administrar os estragos. Até a publicação desta matéria, o mundo registrava 1,7 milhão de casos confirmados, 104 mil mortes e 389 mil pacientes recuperados. Os Estados Unidos são o país mais afetado, com 503 mil pessoas infectadas pelo novo coronavírus.

Acompanhe tudo sobre:CoronavírusDoençasEpidemiasOMS (Organização Mundial da Saúde)Remdesivir

Mais de Ciência

Cientistas constatam 'tempo negativo' em experimentos quânticos

Missões para a Lua, Marte e Mercúrio: veja destaques na exploração espacial em 2024

Cientistas revelam o mapa mais detalhado já feito do fundo do mar; veja a imagem

Superexplosões solares podem ocorrer a cada século – e a próxima pode ser devastadora