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Dividir concentração entre real e virtual pode prejudicar o cérebro

Médicos e psicólogos informam que fazer tudo ao mesmo tempo fere o sistema cognitivo

Como o uso exagerado de Internet prejudica o cérebro (Getty Images/Reprodução)
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Maria Eduarda Cury

Publicado em 9 de junho de 2019 às 08h50.

Última atualização em 9 de junho de 2019 às 08h50.

São Paulo - Há quem diga que a dependência da internet é um dos males modernos, enquanto outros defendem o seu lado positivo. A fim de descobrir como o frequente uso do universo virtual afeta os usuários, um grupo de profissionais multinacional da saúde realizou um estudo que diz que as áreas do cérebro associadas com cognição são as que sofrem mais alteração.

Isso significa que, ao utilizar a internet por um tempo considerável, o usuário pode ter problemas de memória e ter menos atenção para o que acontece ao seu redor, gerando problemas de sociabilidade. Tornando-se frequente, esse comportamento pode afetar gravemente a saúde mental e fazer com que o ser humano se sinta dependente do celular ou do computador, como um zumbi.

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Para validar sua hipótese, os autores do estudo realizaram exames psicológicos, psiquiátricos e neurológicos. Joseph Firth, pesquisador da Universidade de Western Syndey, disse para o site Medical Press que um dos maiores problemas do usuário é tentar dividir a atenção entre tarefas reais e virtuais. "Por exemplo, o fluxo ilimitado de fatos e notificações vindas da internet nos encoraja a manter constantemente uma atenção dividida - o que, por sua vez, pode diminuir nossa capacidade de manter a concentração em uma única tarefa", afirmou Firth. o estudo foi realizado por uma equipe com profissionais de saúde de Reino Unido, Austrália, Estados Unidos e Bélgica.

Em um estudo de 2016 sobre o mesmo tema, analisou que pessoas mais novas que adotam o método multitarefa fazem mais esforço cognitivo para manter o foco em situações de distração. Além disso, a alta concentração de uso da internet combinada com diversas tarefas ao mesmo tempo foram relacionadas a uma diminuição da massa cinzenta em regiões frontais do cérebro - que são associadas com a concentração do ser humano.

No entanto, não é apenas um problema de concentração - os autores do estudo mais recente informaram que as evidências sugerem que o vício de internet também afeta a memória e a sociabilidade. "Visto que agora temos a maior parte dos fatos mundiais literalmente ao nosso alcance, isso parece ter o potencial de começar a mudar as maneiras pelas quais armazenamos e até valorizamos os conhecimentos sobre a sociedade e o cérebro.", disse Firth.

Nem tudo na pesquisa são notícias negativas. Para concluir, os autores sugeriram exercícios de meditação do estilo mindfulness, redução da prática de multitarefas e o aumento do intervalo de tempo entre as vezes que checamos as novidades no celular, que é, em média, a cada dez minutos. Com essas mudanças de comportamento, os especialistas informam que os efeitos prejudiciais do uso constante da internet são minimizados.

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