Distanciamento de 2 metros por covid-19 é ultrapassado, dizem Oxford e MIT
Novo estudo das universidades aponta que diversos fatores precisam ser considerados na hora de decidir qual distanciamento social será implementado
Tamires Vitorio
Publicado em 26 de agosto de 2020 às 08h44.
Última atualização em 26 de agosto de 2020 às 17h08.
O distanciamento social de dois metros para evitar o contágio pelo novo coronavírus pode ser uma prática que precisa ser revisada, segundo uma pesquisa feita por cientistas da Universidade de Oxford, no Reino Unido, e do Instituto de Tecnologia de Massachusetts, nos Estados Unidos.
Isso porque a ideia de ficar de um a dois metros longe de outras pessoas para evitar infecções é baseada em uma teoria muito antiga (de 1890) --- que, para eles, não leva em conta outras particularidades dos vírus.
A sugestão dos cientistas é que outros fatores sejam considerados na hora de decidir qual método de distanciamento social será implementado, como o tipo de atividade feita pelas pessoas, mudanças de ambiente (externos e internos), nível de ventilação e se os indivíduos estão ou não usando máscaras.
Em locais de alto risco, como bares, por exemplo, o distanciamento social maior do que dois metros e uma ocupação reduzida devem ser adotados. E deve existir, segundo os pesquisadores, uma certa flexibilidade em locais de baixo risco.
Para eles, as regras de distanciamento social foram tiradas de uma "dicotomia simplista", que define a transferência viral ou por grandes gotículas do vírus no ar ou por pequenas gotículas expelidas em isolamento, sem levar em conta o ar que é exalado. Na realidade, a "transmissão é mais complexa" e "envolve gotículas de diversos tamanhos e um papel importante no ar exalado".
Pesquisas científicas sugerem que as gotículas da covid-19 conseguem viajar por mais de dois metros quando o infectado tosse ou grita, o que gera um espalhamento da saliva infectada por até oito metros --- o que pode significar uma necessidade de aumentar ou reduzir o distanciamento social conforme necessário.
O próximo foco dos cientistas é examinar áreas de incerteza para desenvolver um guia de soluções ideias para ambientes internos e externos com diversos níveis de ocupação.
O estudo foi revisado por pares e publicado no jornal científico britânico The BMJ, um dos mais conceituados na área de medicina no mundo.
Mesmo assim, enquanto a nova cartilha não chega, o distanciamento socialnãodeve ser descartado.
Uma pesquisa publicada no jornal científico The Lancet , por exemplo, mostrou que a cada metro de distância que uma pessoa fica distante de outra infectada, o risco de disseminação do SARS-CoV-2 cai. O estudo em questão também mostrou que máscaras e proteções para os olhos reduzem os riscos de disseminação do vírus --- as máscaras diminuem o risco de 17% para apenas 3%, e a proteção para os olhos mostrou uma redução de 16% para 6%.