Ciência

Covid-19: Vacinas com mRNA reduzem risco de infecção assintomática

De acordo com estudo da Mayo Clinic, descobertas ressaltam a eficácia de vacinas de RNA mensageiro em limitar significativamente a disseminação do coronavírus

Preparação de dose da Pfizer/BioNTech na França: detalhes entre as farmacêuticas e governos são secretos (Andrea Mantovani/The New York Times)

Preparação de dose da Pfizer/BioNTech na França: detalhes entre as farmacêuticas e governos são secretos (Andrea Mantovani/The New York Times)

LP

Laura Pancini

Publicado em 26 de março de 2021 às 07h00.

Última atualização em 26 de março de 2021 às 15h27.

Dez dias após receber uma segunda dose de uma vacina contra o novo coronavírus de RNA mensageiro, ou mRNA, pacientes sem sintomas têm 80% menos probabilidade de testar positivo e espalhar o vírus, em comparação com quem não foi vacinado.

O estudo, publicado na revista Clinical Infectious Disease, é de pesquisadores da Mayo Clinic, organização norte-americana sem fins lucrativos nas áreas de inovação na prática clínica, educação e pesquisa. A equipe analisou 39.000 pacientes que receberam testes de triagem entre 17 de dezembro de 2020 e 8 de fevereiro de 2021 em quatro clínicas de três cidades dos Estados Unidos.

Os testes de triagem fazem parte dos testes de rotina da covid-19 antes da realização de tratamentos não relacionados ao vírus, como cirurgias e outros procedimentos. Dos pacientes analisados, 2.300 (76,5%) receberam uma dose e 707 (23,5%) foram imunizados com duas. 

O que eles descobriram foi que duas doses de uma vacina de RNA mensageiro, como a da Pfizer ou da Moderna, levaram a pessoas sem sintomas apresentando um risco ajustado 80% menor de testar positivo para covid-19 após a última dose. No caso, o teste positivo seria em um indivíduo assintomático.

Além disso, aqueles que receberam pelo menos uma dose têm 72% menos probabilidade de testar positivo, de acordo com Aaron Tande, especialista em doenças infecciosas e coautor do artigo. 

“Testes positivos em indivíduos assintomáticos foram relatados em 42 (1,4%) de 3.006 testes realizados em pacientes vacinados e 1.436 (3,2%) de 45.327 testes realizados em pacientes não vacinados”, afirma o estudo.

Os autores afirmam que essas descobertas ressaltam a eficácia das vacinas de RNA mensageiro em limitar significativamente a disseminação do coronavírus através de pessoas sem sintomas, que podem transmitir a infecção para outras pessoas sem saber.

Vacinas de RNA mensageiro no Brasil

Atualmente, as vacinas de RNA mensageiro que já passaram dos testes clínicos são as da Moderna e da Pfizer com a BioNTech. Elas estão autorizadas para uso emergencial nos Estados Unidos.

No Brasil, as duas empresas farmacêuticas estão em negociação com o Ministério da Saúde. Segundo documento com o cronograma de entregas publicado no dia 4 de março, o órgão brasileiro estima fechar um contrato com a Moderna para receber 13 milhões de doses até dezembro, com o primeiro 1 milhão de doses entregue até julho.

O documento estima ainda a chegada até o final de maio das primeiras 2 milhões de doses da vacina da Pfizer, cujo contrato com o governo federal por um total de 100 milhões de doses está na fase final de negociação.

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