Marte: presença de potencial elétrico pode explicar atmosfera do planeta (cokada/Getty Images)
Estagiária de jornalismo
Publicado em 1 de dezembro de 2025 às 21h27.
Última atualização em 2 de dezembro de 2025 às 08h08.
Pela primeira vez, cientistas detectaram atividade elétrica na atmosfera de Marte. A descoberta veio de forma acidental. Um microfone instalado no rover Perseverance da NASA, originalmente projetado para estudar os ventos marcianos, acabou registrando 55 estalidos de descargas elétricas ao longo de aproximadamente quatro anos terrestres.
A pesquisa foi liderada por Baptiste Chide, do Instituto de Pesquisa em Astrofísica e Planetologia de Toulouse, na França, e publicada na revista Nature.
Diferente dos trovões da Terra, os relâmpagos de Marte são pequenos estalidos de eletricidade estática. O mecanismo é simples: ventos intensos levantam poeira na atmosfera. As partículas se atritam, transferem elétrons e acumulam potencial elétrico suficiente para formar pequenos arcos elétricos de poucos centímetros.
A atmosfera marciana, muito mais rarefeita e composta principalmente por dióxido de carbono, exige menos acúmulo de eletricidade para produzir uma descarga, tornando o fenômeno bastante comum no planeta vermelho.
A descoberta tem implicações práticas importantes. Primeiro, ajuda a explicar por que moléculas orgânicas se degradam tão rapidamente na superfície marciana. Segundo, a caracterização desse fenômeno é crucial para o design de equipamentos robóticos e trajes espaciais que precisarão resistir a esses efeitos elétricos.
Depois de anos de especulação teórica, o estudo marca o início da pesquisa observacional desse fenômeno, um passo importante para tornar Marte mais acessível à exploração humana.