Ciência

Cientistas revelam por que as Bermudas não afundaram no Atlântico

Camada espessa de rochas sob a crosta oceânica sustenta arquipélago há milhões de anos

Ilhas Bermudas, localizadas no Atlântico Norte em uma área popularmente conhecida como Triângulo das Bermudas (Getty Images)

Ilhas Bermudas, localizadas no Atlântico Norte em uma área popularmente conhecida como Triângulo das Bermudas (Getty Images)

Publicado em 21 de dezembro de 2025 às 07h47.

Pesquisadores identificaram uma formação geológica incomum sob as ilhas Bermudas que ajuda a explicar por que o arquipélago permanece elevado no meio do Oceano Atlântico há mais de 30 milhões de anos. O estudo, publicado na revista científica Geophysical Research Letters, aponta a existência de uma camada espessa de rochas sob a crosta oceânica, sem relação com os mitos associados ao chamado Triângulo das Bermudas.

Localizadas no Atlântico Norte, as Bermudas sempre despertaram o interesse de geólogos por se manterem acima do nível esperado do fundo do mar mesmo sem atividade vulcânica recente. A nova pesquisa indica que a explicação está na própria estrutura da placa tectônica sob as ilhas, e não em fontes ativas de calor no interior da Terra.

Camada de rochas

A partir da análise de ondas sísmicas geradas por grandes terremotos ao redor do planeta, os cientistas mapearam o subsolo da região. Os dados revelaram uma camada adicional de rocha com cerca de 20 quilômetros de espessura, localizada logo abaixo da crosta oceânica e dentro da placa tectônica.

Em condições consideradas comuns, a crosta oceânica repousa diretamente sobre o manto terrestre. No caso das Bermudas, essa camada intermediária é ligeiramente menos densa do que o material ao redor, o que permite que a estrutura “flutue” sobre o manto, de forma semelhante ao gelo sobre a água. Essa diferença, embora pequena, é suficiente para sustentar o relevo ao longo de dezenas de quilômetros.

Esse efeito gera um inchaço do fundo do oceano, conhecido como swell oceânico. Na região das Bermudas, o assoalho marinho fica entre 400 e 600 metros mais elevado do que áreas vizinhas do Atlântico, o que contribui para manter as ilhas acima do nível do mar.

Segundo os autores da pesquisa, essa estrutura se formou entre 30 e 35 milhões de anos atrás, quando a região ainda apresentava atividade vulcânica. Parte do magma daquele período não chegou à superfície e acabou se acumulando sob a crosta, onde esfriou e se solidificou, alterando permanentemente a base da placa tectônica.

O estudo também reforça que não é necessária uma pluma quente ativa no manto para sustentar o arquipélago, diferentemente do que ocorre em outras ilhas oceânicas. Para os pesquisadores, compreender esse tipo de formação ajuda a distinguir processos comuns da dinâmica interna da Terra de casos geológicos menos frequentes.

Apesar de as Bermudas estarem localizadas em uma área popularmente associada ao Triângulo das Bermudas, os cientistas ressaltam que a descoberta não tem relação com relatos de desaparecimentos de navios ou aeronaves. O trabalho se limita à explicação geológica da estabilidade das ilhas, mostrando que, mesmo em regiões cercadas por mitos, as respostas podem estar no interior do planeta.

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