Ciência

Cientistas encontram proteção orgânica em asteroide incomum

Oumuamua, primeiro objeto detectado como vindo de fora do nosso sistema, intriga cientistas com cobertura rígida e orgânica

Oumuamua: asteroide incomum tem cobertura dura de material orgânico (European Southern Observatory/M. Kornmesser/Divulgação)

Oumuamua: asteroide incomum tem cobertura dura de material orgânico (European Southern Observatory/M. Kornmesser/Divulgação)

Victor Caputo

Victor Caputo

Publicado em 19 de dezembro de 2017 às 10h35.

Última atualização em 20 de dezembro de 2017 às 09h48.

São Paulo – A forma similar à de um charuto não é o único aspecto a intrigar cientistas no asteroide Oumuamua. Tampouco o fato de que ele é o primeiro objeto já avistado por nós que tenha vindo de outra galáxia é a principal surpresa.

Ao contrário do que podia se esperar de um objeto vindo de tão longe, o charuto espacial Oumuamua não é coberto de gelo. A análise de sua superfície é tema de um artigo publicado no periódico científico Nature Astronomy.

“No final esse é um resultado legal já que nós esperamos que a maioria de objetos que visitariam nosso sistema seriam de gelo por natureza”, diz ao noticiário britânico The Independent Alan Fitzsimmons, da Queen's University Belfast, que liderou um dos estudos.

As observações indicam que o objeto tem uma cobertura dura, orgânica e rica em carbono.

A explicação para o fenômeno pode estar em pesquisas passadas, da década de 80 e 90, afirma o site da Wired. Essa teoria é a considerada pelos autores do estudo.

Em décadas anteriores, pesquisadores haviam se debruçado sobre uma pergunta: o que aconteceria com um objeto após centenas de milhões ou até bilhões de anos vagando pelo espaço intergaláctico.

O Oumuamua pode ser a resposta a isso. A previsão de astrônomos era que a longa exposição à radiação cósmica traria alguns impactos curiosos.

“Nosso estudo mostra que esse objeto poderia ser de gelo, mas não detectamos gelo por ele ter sido assado por radiação entre estrelas por centenas de milhões de anos, ou até bilhões de anos”, diz Fitzsimmons.

Corpos com cobertura de gelo, por exemplo, veriam o material secar. O restante, previsto como um resquício rico em carbono e colado ao asteroide ou outro objeto.

A estimativa dos cientistas é que para que esse processo ocorra, são necessários centenas de milhões de anos. O número assusta, mas a estimativa inicial de idade do Oumuamua é de 10 bilhões de anos—o que explicaria sua crosta orgânica.

Os cientistas ainda não sabem bem o que pode ter ocorrido com o asteroide ao passar por perto do Sol. A superfície do asteroide deve ter atingido temperaturas de até 300 graus Celsius.

A crosta teria, segundo estimativas dos cientistas, protegido o gelo interior de evaporar—mas a existência desse gelo não foi comprovada pelos cientistas. Pesquisadores imaginam agora se qualquer eventual vestígio de vida ou material orgânico preso no interior do Oumuamua teria sobrevivido ou não.

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