Publicado em 25 de novembro de 2024 às 17h29.
Um novo estudo com meteoritos de Marte traz evidências sobre a presença de sistemas hidrotérmicos na crosta do planeta durante o período pré-Noachiano. Essas descobertas podem ajudar a compreender as condições que tornaram o planeta potencialmente habitável no passado.
Pesquisadores analisaram uma amostra do meteorito NWA7034, também conhecido como "Black Beauty", que contém materiais datados de 4,4 bilhões de anos. A análise microscópica revelou sinais químicos e texturais que indicam a presença de fluídos hidrotérmicos na formação do zircão, um mineral importante na geologia marciana.
Fluidos hidrotérmicos são associados a condições favoráveis ao surgimento da vida, como água líquida e calor. Segundo os pesquisadores, o zircão impactado mostra zonas de crescimento ricas em ferro, alumínio e sódio, elementos que sugerem cristalização em um ambiente aquoso oxidante.
A descoberta é significativa porque sistemas hidrotérmicos, além de fornecerem um ambiente energético, estão ligados ao forte magnetismo registrado em algumas áreas da crosta marciana, uma característica que pode ter sido crucial para a habitabilidade do planeta.
O NWA7034 e seus fragmentos emparelhados são as únicas amostras da superfície marciana disponíveis na Terra. Diferente de outros meteoritos marcianos, ele apresenta uma composição rica em água e alto magnetismo. Essas características tornam o meteorito uma peça-chave para entender a história geológica de Marte, incluindo sua dinâmica térmica e magnética.
Ao aprofundar o estudo de inclusões de magnetita no zircão, os cientistas sugerem que a formação ocorreu em um sistema hidrotérmico oxidante há 4,45 bilhões de anos. Este período coincide com a existência de um possível dínamo global, responsável pelo campo magnético do planeta, que protegeria a superfície de radiações.
Compreender o passado hidrotérmico de Marte é essencial para guiar missões futuras, especialmente aquelas que buscam sinais de vida. As áreas mais magnéticas da crosta, como a província Terra Cimmeria-Sirenum, destacam-se como potenciais alvos de exploração.
As descobertas deste estudo reforçam a importância de Marte como um objeto de estudo não apenas para entender o passado do planeta, mas também para refletir sobre a origem e a evolução da vida em sistemas planetários.