Ciência

Cientistas chineses garantem ter criado bebês manipulados geneticamente

Os cientistas explicam que a modificação genética tem como objetivo dar uma "habilidade natural" para resistir a uma possível infecção de HIV

China: os pesquisadores utilizaram a técnica em gêmeas para serem resistentes a doenças como HIV, cólera e varíola (VCG/VCG/Getty Images)

China: os pesquisadores utilizaram a técnica em gêmeas para serem resistentes a doenças como HIV, cólera e varíola (VCG/VCG/Getty Images)

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EFE

Publicado em 26 de novembro de 2018 às 11h49.

Pequim - Cientistas da China afirmaram que criaram os primeiros bebês do mundo geneticamente modificados, segundo a publicação americana 'MIT Technology Review', mas a Universidade de Shenzhen, na qual os pesquisadores trabalham, disse que não tem conhecimento sobre o estudo.

Os pesquisadores utilizaram a técnica do CRISPR/Cas9 em duas gêmeas para torná-las resistentes a doenças como HIV, cólera e varíola, de acordo com os dados difundidos neste domingo pela revista especializada.

Embora o MIT ressalte que o trabalho ainda não foi publicado em nenhuma revista científica, o pesquisador responsável, He Jiankui, informou em um vídeo publicado no YouTube o processo de fertilização que seguiu até conseguir o nascimento neste mês das duas gêmeas geneticamente modificadas: Lulu e Nana.

"Os resultados indicaram que a operação funcionou corretamente, como estava previsto", disse He no vídeo, no qual também destacou que as meninas têm seus genes modificados para que não possam contrair o HIV.

Segundo He, a modificação genética não tem o objetivo de eliminar doenças genéticas, mas de "dar às meninas a habilidade natural para resistir a uma possível infecção futura do HIV".

Para isso, os pesquisadores 'desativaram' o gene CCR5, o que na prática seria uma melhoria do DNA, segundo He, que acrescentou que "serão apresentados mais detalhes sobre a pesquisa" no próximo mês.

O desenvolvimento deste plano, que utiliza tecnologia proibida nos Estados Unidos e na Europa, pode gerar controvérsia, pois alguns cientistas o consideram uma nova forma de medicina, que elimina as doenças genéticas, enquanto outros veem o método como uma forma de eugenia.

A universidade não tem conhecimento do estudo de He e as autoridades de saúde de Shenzhen "não receberam nenhuma solicitação" para sua realização, informou nesta segunda-feira o jornal "China Daily".

A publicação chinesa acrescentou que o estudo "suscitou controvérsias" entre os acadêmicos e os cidadãos do país "por sua ética e efetividade".

"A tecnologia de manipulação genética está longe de ser madura e não deve ser usada em humanos", disse ao jornal o cientista Wu Zunyou, para quem é "inadequado" fazer uma pesquisa desse tipo em humanos.

Em 2016, um grupo de cientistas chineses foi o primeiro a utilizar a manipulação genética em humanos, concretamente com pacientes com câncer de pulmão, a tecnologia CRISPR, segundo informou na época a revista "Nature".

No entanto, cientistas no Reino Unido descobriram que a tecnologia de edição genética CRISPR pode causar mais danos às células do que se acreditava até agora, segundo um estudo divulgado este ano pela mesma revista.

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