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São Paulo - A esclerose múltipla, doença neurológica que gera uma série de sintomas relacionados à capacidade física e cognitiva, ainda não tem cura. Médicos conseguem apenas retardar seu avanço. Mas um tipo específico de célula originária do intestino pode mudar esse cenário. Um estudo publicado na revista Cell revela que aumentar o número delas no sistema digestivo pode bloquear totalmente a inflamação da esclerose.
Isso acontece porque essas células, chamadas de plasmáticas, produzem Imunoglobina A (IgA) e migram do intestino para o sistema nervoso central durante uma crise, gerando um "efeito anti-inflamatório durante as crises", conforme descrito em comunicado. A pesquisa, conduzida em ratos de laboratório, concluiu que o aumento do número de células B no intestino dos animais conseguiu erradicar completamente a inflamação cerebral. Assim, os pesquisadores acreditam que o mesmo tratamento possa ser reproduzido no organismo humano.
"Mostrar que as células B produtoras de IgA podem viajar do intestino para o cérebro abre uma nova página no livro de doenças neuroinflamatórias e pode ser o primeiro passo para a produção de novos tratamentos para modular ou interromper a esclerose múltipla e distúrbios neurológicos relacionados", disse o neurologista Sergio Baranzini, coautor do estudo, em um comunicado.
A equipe pretende estudar agora quais tipos de micróbios intestinais naturalmente estimulam a criação de células plasmáticas produtoras de IgA. "Se pudermos entender ao que essas células estão reagindo, podemos potencialmente tratar a esclerose múltipla modulando [as bactérias que vivem no intestino saudável]", disse a coautora Jen Gommerman. "Isso pode ser mais fácil do que colocar drogas no cérebro, que é uma estratégia que nem sempre funcionou."