Ciência

Canibalismo no paleolítico não ocorria só por razões nutricionais

Segundo o autor de um estudo, uma grande quantidade de espécies de hominídeos praticava o canibalismo

Paleolítico: o trabalho sugere que os músculos esqueléticos humanos apresentam calorias similares às de outros animais (TimJN1/Wikimedia Commons)

Paleolítico: o trabalho sugere que os músculos esqueléticos humanos apresentam calorias similares às de outros animais (TimJN1/Wikimedia Commons)

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EFE

Publicado em 6 de abril de 2017 às 15h02.

Londres - Os episódios de canibalismo no período paleolítico poderiam ter motivações distintas à utilidade "nutricional" do consumo de carne humana, revelou um estudo publicado nesta quinta-feira na revista "Scientific Reports".

O pesquisador da Universidade de Brighton (Reino Unido) James Cole calculou o valor energético do corpo humano, para determinar o aproveitamento nutricional do canibalismo em comparação ao consumo de outros animais.

O trabalho sugere que os músculos esqueléticos humanos apresentam calorias similares às de outros animais de peso e tamanho parecidos. As partes humanas, no entanto, fornecem menos calorias do que os músculos de outros animais maiores que podiam ser encontrados naquele período, como o mamute, o rinoceronte lanudo e algumas espécies de cervos.

"Isto pode indicar que as razões que levavam à antropofagia entre hominídeos talvez não fossem puramente nutricionais", afirma o estudo.

O autor afirma que uma grande quantidade de espécies de hominídeos praticava o canibalismo, pelo menos, desde o início do pleistoceno, apesar de ressaltar que "nem todas as populações de hominídeos" o praticaram.

O número de partes de fósseis do paleolítico que apontam a práticas canibais é "relativamente pequeno", embora dada a natureza dispersa do registro fóssil, "o fato de que exista alguma evidência de canibalismo leva a inferir que esse comportamento talvez fosse mais comum do que se acredita entre as populações pré-históricas", diz Cole.

O estudo publicado na "Scientific Reports" se baseia no cálculo de calorias que o corpo humano apresenta a partir da composição de gordura e de proteínas de quatro homens adultos modernos.

O autor adverte que os dados não são diretamente extrapoláveis a espécies diferentes ao Homo sapiens da pré-história e ressalta que o número de calorias poderia variar em outros supostos.

No caso dos neandertais, o valor nutricional do músculo esquelético poderia ser maior do que o calculado, já que contavam com maior massa muscular.

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