Ciência

Bill Gates: Pandemias do futuro devem ser levadas a sério como "ameaças de guerra"

O bilionário pede, na carta anual de sua fundação, que o mundo dobre os investimentos em pesquisa e países ricos desenvolvam um sistema global para reagir à próxima pandemia

Bill Gates (Chesnot/Getty Images)

Bill Gates (Chesnot/Getty Images)

BG

Bibiana Guaraldi

Publicado em 27 de janeiro de 2021 às 08h41.

Na carta anual da Fundação Bill e Melinda Gates, Bill Gates, que é a quarta pessoa mais rica do mundo, pede às nações ricas que invistam dezenas de bilhões de dólares para se preparar coletivamente para a próxima pandemia após a da covid-19, informa a Forbes.

O bilionário Bill Gates acha que o mundo precisa de um grande esforço global para se preparar para futuras pandemias, o que inclui investir bilhões em desenvolvimento científico, testes em massa, um sistema de alerta global de pandemia e uma equipe de “primeiros socorros em doenças infecciosas”.

“Para evitar que as adversidades do ano passado voltem a acontecer, a preparação para uma pandemia deve ser levada tão a sério quanto levamos a ameaça de guerra”, escreveu Gates. Ele espera que o mundo desenvolva, até a próxima pandemia, plataformas de “megadiagnóstico” que sejam capazes de testar 20% da população global por semana.

Gates também pede por um sistema de alerta global onde os profissionais de saúde possam enviar amostras a um laboratório para serem sequenciadas e, se a amostra for altamente infecciosa ou um novo patógeno, uma equipe global de “primeiros socorros em doenças infecciosas” seja enviada para a área.

Para Gates, o mundo vai precisar de 3.000 pessoas nestas equipes, que passarão seu tempo livre executando o que a carta chama de “jogos de germes”, que seriam “simulações que permitam praticar, analisar e melhorar a forma como respondemos a surtos de doenças, assim como os jogos de guerra permitem que os militares se preparem para a guerra da vida real. ”

A previsão do bilionário, conforme a Forbes, é de que levará cinco anos para descobrir como produzir novos tratamentos com anticorpos monoclonais, como os medicamentos da Eli Lilly e Regeneron, para responder rapidamente a novos vírus, e espera que doenças futuras se beneficiem dos avanços nas vacinas de mRNA - mas que exigem que o mundo “dobre os investimentos em pesquisa e desenvolvimento”, escreveu ele.

Esta não é a primeira vez que Gates alerta sobre pandemias usando a preparação para guerra como exemplo. Em uma palestra TED de 2015 com previsões assustadoramente corretas, Gates alertou que o mundo não estava pronto para outro surto após a epidemia de Ebola. “Se alguma coisa matar mais de 10 milhões de pessoas nas próximas décadas, é mais provável que seja um vírus altamente infeccioso, em vez de uma guerra”, disse ele. “... Agora, parte da razão para isso é que investimos uma grande quantia na dissuasão nuclear, mas na verdade investimos muito pouco em um sistema para deter uma epidemia.”

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