Ciência

Bharat Biotech encara o desafio de produzir vacinas para Índia

A Bharat já produziu cerca de 10 milhões de doses da vacina Covaxin, ainda em teste, antes do lançamento previsto para meados do próximo ano

Vacina: empresa tem capacidade anual atual de 300 milhões de vacinas (Frank Augstein/Reuters)

Vacina: empresa tem capacidade anual atual de 300 milhões de vacinas (Frank Augstein/Reuters)

B

Bloomberg

Publicado em 22 de dezembro de 2020 às 15h30.

A fabricante da principal vacina contra o coronavírus desenvolvida na Índia já está produzindo milhões de doses de sua candidata ainda não autorizada. Mas a codiretora-gerente da Bharat Biotech International diz que a ideia de fornecer injeções suficientes para metade dos quase 1,4 bilhão de habitantes do país é assustadora.

“É um pesadelo”, disse Suchitra Ella. “Às vezes, me dá arrepios; às vezes, acordo pela manhã me perguntando onde estamos. O que estamos fazendo? Como chegaremos lá?”.

A Bharat já produziu cerca de 10 milhões de doses da vacina Covaxin, ainda em teste, antes do lançamento previsto para meados do próximo ano. A empresa tem capacidade anual atual de 300 milhões de vacinas e espera que os primeiros 100 milhões sejam distribuídos na Índia, que financiou parcialmente o desenvolvimento.

“Começamos a produzir com risco, porque sabemos que será uma tarefa árdua - no contexto indiano, é pouco”, disse Ella em entrevista de Hyderabad na segunda-feira. “É um grande desafio que temos pela frente quando pensamos nas centenas de milhões de doses, mesmo que metade do país precise ser vacinada.”

Dois outros países também assinaram acordos preliminares de fornecimento com a empresa, disse, sem dar detalhes.

Na tentativa de impedir a propagação do segundo maior surto de coronavírus do mundo, a Índia deve se apoiar inicialmente nas vacinas de duas doses fabricadas pela Bharat Biotech e pelo Serum Institute of India. Este último fez parceria com a AstraZeneca para fabricar pelo menos um bilhão de doses da injeção, metade das quais destinadas à Índia.

Uso emergencial

A Bharat gastou cerca de US$ 60 milhões a US$ 70 milhões até agora no desenvolvimento de vacinas contra a Covid, e Ella disse na segunda-feira que os primeiros dados dos testes sugerem que a Covaxin, uma vacina inativada que usa uma versão morta do vírus, tem taxas de eficácia de pelo menos 60%, o que seria uma projeção “conservadora”.

O número pode melhorar no ensaio final com humanos, disse. O ensaio recrutou metade dos 26 mil voluntários e, no início de 2021, Ella espera que o licenciamento permita vacinas para uso público em maio ou junho.

A falta de dados do ensaio de fase III não impediu a Bharat de solicitar autorização para uso emergencial neste mês, embora a empresa e o Serum Institute - que apresentou os números do ensaio de estágio final - tenham ainda que fornecer dados adicionais sobre segurança, eficácia e imunogenicidade a reguladores indianos.

A Pfizer também solicitou aprovações urgentes para a própria vacina, embora seus requisitos para armazenamento em temperaturas ultrabaixas a tornem uma candidata improvável para uso geral na Índia, particularmente em áreas rurais mais pobres. As vacinas da Bharat e do Serum podem ser armazenadas em temperatura de geladeira, tornando-as mais adequadas à infraestrutura da Índia.

A Bharat Biotech e a Ocugen fecharam um acordo para desenvolver a Covaxin para o mercado dos EUA, disseram as empresas em comunicado enviado por e-mail na terça-feira.

O total de casos de Covid na Índia ultrapassou a marca de 10 milhões no sábado. Ella espera que dentro de um a dois anos o país seja capaz de vacinar pelo menos 30% da população.

Acompanhe tudo sobre:BloombergCoronavírusDoençasPandemiavacina contra coronavírusVacinas

Mais de Ciência

Cientistas constatam 'tempo negativo' em experimentos quânticos

Missões para a Lua, Marte e Mercúrio: veja destaques na exploração espacial em 2024

Cientistas revelam o mapa mais detalhado já feito do fundo do mar; veja a imagem

Superexplosões solares podem ocorrer a cada século – e a próxima pode ser devastadora