Ciência

Baleias já foram pequenas ao longo da evolução, diz estudo

Primeiras baleias surgiram há 30 milhões de anos e as espécies gigantes começaram a predominar apenas nos últimos 2 ou 3 milhões de anos

Baleias: grupo de cientistas americanos estudou os fósseis de 63 espécies extintas e de 13 espécies de baleias que ainda existem nos mares (Tangi Quemener/AFP)

Baleias: grupo de cientistas americanos estudou os fósseis de 63 espécies extintas e de 13 espécies de baleias que ainda existem nos mares (Tangi Quemener/AFP)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 24 de maio de 2017 às 09h30.

Última atualização em 24 de maio de 2017 às 09h31.

São Paulo - Quase todas as baleias existentes hoje são gigantes, com comprimento que varia de 10 a 30 metros. Mas, de acordo com um novo estudo, esses animais foram pequenos ao longo da maior parte de sua evolução.

As primeiras baleias surgiram há 30 milhões de anos e as espécies gigantes começaram a predominar apenas nos últimos 2 ou 3 milhões de anos.

Para reconstituir as medidas das baleias nos últimos 30 milhões de anos, um grupo de cientistas americanos estudou os fósseis de 63 espécies extintas e de 13 espécies de baleias que ainda existem nos mares. O estudo foi publicado ontem na revista científica Proceedings of the Royal Society B.

Por cerca de 27 milhões de anos, quase todas as espécies tinham entre 3 metros e 10 metros de comprimento, segundo a pesquisa. Hoje, porém, predominam de forma esmagadora as espécies com mais de 10 metros. A baleia-azul, que é o maior animal existente na Terra, pode chegar a 30 metros.

A pesquisa foi feita por cientistas de três instituições dos Estados Unidos: o Museu de História Natural Smithsonian e as Universidades Stanford e de Chicago.

Segundo os autores, os dados mostram claramente que as grandes baleias da atualidade não estavam presentes na maior parte da história dessas espécies.

"Vivemos em uma era de gigantes. As baleias jamais foram tão grandes", disse um dos autores do levantamento, Jeremy Goldbogen, da Universidade Stanford.

Explicação climática

De acordo com os cientistas, a explicação para o "recente" aumento de tamanho é a mudança ambiental causada pelo início das glaciações, há cerca de 4,5 milhões de anos.

Nessa época, além das baleias com mais de 10 metros começarem a evoluir, as espécies menores passaram a desaparecer gradualmente.

Para os autores, isso indica que o corpo gigantesco começou a se tornar uma vantagem nas novas condições ambientais.

"Podemos imaginar que as baleias apenas se tornaram gradualmente maiores, por acaso. Mas nossa análise mostra que essa ideia não se sustenta. A única explicação para que as baleias tenham se tornado gigantes é que o corpo pequeno passou a ser uma desvantagem evolutiva", disse outro dos autores, Graham Slater, da Universidade de Chicago.

As glaciações modificaram a distribuição do suprimento de alimentos das baleias nos oceanos, segundo o autor principal do estudo, Nicholas Pyenson, do Smithsonian.

"Antes que as geleiras cobrissem o Hemisfério Norte, os recursos estavam bem distribuídos nos oceanos. Mas, com o começo da glaciação, escorrimentos dos novos mantos de gelo durante o verão podem ter lavado os nutrientes nas águas costeiras, aumentando o suprimento de comida em algumas áreas", explicou.

Essa concentração de comida, densa, porém localizada, favorece a estratégia de alimentação das baleias, que consiste em filtrar a água em suas cerdas bucais, para reter presas como o krill, segundo os cientistas. Mas a estratégia se tornava mais eficiente quando o corpo do animal era maior.

"Além disso, as baleias maiores podiam migrar milhares de quilômetros para aproveitar o suprimento sazonal de comida abundante em pontos distantes", explicou Pyenson. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Acompanhe tudo sobre:AnimaisPesquisas científicas

Mais de Ciência

Medicamento usado para tratamento de esquizofrenia pode revolucionar tratamento do Alzheimer

Baleia assassina criou estratégia para caçar maior peixe do mundo, diz estudo

Super Terra? Este planeta de 3 milhões de anos pode mudar o curso da ciência

Cigarro eletrônico pode afetar saúde vascular e níveis de oxigênio — mesmo sem nicotina