Ciência

Asteroide pode atingir a Lua em 2032 — e espalhar meteoritos em direção à Terra

Com 60 metros de diâmetro, o asteroide 2024 YR4 tem 4% de chance de colidir com a Lua

Lua: asteroide pode atingir satélite em 2032 (Freepik)

Lua: asteroide pode atingir satélite em 2032 (Freepik)

Da Redação
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Redação Exame

Publicado em 23 de dezembro de 2025 às 09h44.

Um corpo celeste de aproximadamente 60 metros de diâmetro, identificado como asteroide 2024 YR4, está sendo monitorado de perto por cientistas ao redor do mundo. O motivo: segundo cálculos atualizados, existe uma probabilidade de cerca de 4% de que esse objeto colida com a Lua no dia 22 de dezembro de 2032.

Embora essa probabilidade pareça pequena, o possível impacto representa um evento de alto impacto científico e tecnológico. A colisão liberaria uma energia estimada em 6,5 megatons de TNT — o equivalente a cerca de 400 vezes a bomba de Hiroshima — e formaria uma cratera de 1 km de diâmetro na superfície lunar.

Mas o maior risco não está no impacto em si, e sim nos detritos gerados por essa colisão. De acordo com simulações apresentadas por pesquisadores da Nasa e de universidades norte-americanas, milhões de quilos de fragmentos lunares e do próprio asteroide poderiam ser lançados ao espaço, com parte desse material potencialmente atingindo órbitas próximas da Terra.

Uma ameaça indireta à Terra

Segundo o estudo mais recente liderado pelo astrônomo Paul Wiegert, até 10% dos detritos ejetados pela colisão podem escapar da gravidade lunar e se dirigir em direção à Terra, atingindo sua órbita poucos dias após o impacto.

Esses fragmentos, com tamanhos entre 0,1 mm e 10 mm, poderiam representar uma ameaça real para satélites em operação e até mesmo para astronautas em missões tripuladas.

O engenheiro aeroespacial Brent Barbee, da Nasa, alertou que os detritos resultantes de um possível impacto do asteroide com a Lua poderiam representar riscos significativos para ativos em órbita da Terra, como destacou durante sua apresentação na AGU 2025.

Por que esse impacto seria visível?

Simulações indicam que 86% das possíveis áreas de impacto estão no lado da Lua voltado para a Terra, o que significa que o clarão gerado pelo impacto poderá ser visível com telescópios — ou até a olho nu, em locais escuros e com boas condições atmosféricas.

Segundo Patrick King, pesquisador do Laboratório de Física Aplicada da Universidade Johns Hopkins, o Havaí terá uma das melhores visões possíveis do evento.

A origem do asteroide YR4 e seu monitoramento

O 2024 YR4 foi detectado em dezembro de 2024 por programas de monitoramento de objetos próximos à Terra. Inicialmente, chegou-se a cogitar uma chance de colisão com o próprio planeta, mas observações mais precisas eliminaram esse risco até fevereiro de 2025.

Com o foco voltado para a Lua, os cientistas passaram a estudar os impactos secundários que poderiam atingir a infraestrutura espacial da Terra, como satélites de comunicação, navegação, previsão climática e até sistemas de monitoramento militar.

Satélites em risco, astronautas também

Um dos principais temores dos cientistas é a formação de uma nuvem de microfragmentos após a colisão. Essa nuvem poderia ficar em órbita por meses ou anos, elevando a frequência de impactos em satélites artificiais ao equivalente a uma década de exposição a micrometeoritos naturais — tudo isso em poucas semanas, no final de 2032.

Além disso, missões tripuladas que estejam na órbita baixa da Terra, na Lua ou em trajetos entre os dois corpos, como as previstas para o programa Artemis da Nasa, também estariam expostas ao risco aumentado de colisões com esses fragmentos de alta velocidade.

O que pode ser feito?

Brent Barbee propôs duas alternativas de mitigação:

  1. Enviar uma missão de reconhecimento ao asteroide nos próximos anos, para entender melhor sua composição e trajetória.

  2. Desviar ou fragmentar o objeto com um impacto controlado (ou até com uma explosão nuclear de baixa intensidade) pelo menos três meses antes de uma eventual colisão.

James Webb pode trazer respostas em 2026

Uma próxima janela crucial para entender melhor o risco ocorrerá em fevereiro de 2026, quando o asteroide poderá ser novamente observado com precisão pelo Telescópio Espacial James Webb. A expectativa é que os novos dados permitam refinar a estimativa de sua órbita e calcular com mais exatidão a probabilidade de impacto lunar.

Caso não seja possível realizar a observação, seja por falha técnica ou interferência externa, as decisões futuras terão que ser tomadas com maior grau de incerteza, o que torna a missão de mitigação ainda mais desafiadora.

Um laboratório cósmico — ou um alerta

Mesmo que o impacto não ocorra, ou que os fragmentos não atinjam a órbita terrestre, o episódio serve como um alerta importante para a comunidade científica e para os responsáveis por segurança espacial.

Para King, um impacto como o de 2024 YR4 na Lua poderia representar uma oportunidade científica rara para observar, em tempo real, a formação de crateras e a dinâmica de ejeção de detritos no espaço. Segundo ele, o evento “provavelmente seria visível da Terra”, a depender das condições locais.

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