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As 10 espécies recém-descobertas mais incríveis do mundo

Lista inclui micróbios, plantas, animais e até um marsupial extinto, destacando a diversidade de espécies do Planeta, muitas das quais já estão ameaçadas

Pongo tapanuliensis: nova espécie de primata já está ameaçada de extinção. (Andrew Walmsley/Divulgação)

Vanessa Barbosa

Publicado em 2 de junho de 2018 às 07h37.

Última atualização em 2 de junho de 2018 às 07h37.

São Paulo - Todos os anos, o Instituto Internacional de Exploração de Espécies, que faz parte da Faculdade de Ciências Ambientais e Florestais da Universidade Estadual de Nova York, divulga sua lista de espécies recém-descobertas mais incríveis.

A nova seleção, lançada no mês passado, inclui micróbios, plantas, animais e até mesmo um marsupial extinto (identificado por seu fóssil), destacando a diversidade de espécies do nosso Planeta.

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A escolha das descobertas que integram a lista é feita pelo comitê internacional de taxonomia do Instituto, com base em 18.000 novas espécies identificadas anualmente.

O número de novos registros revela como a biodiversidade planetária é, além de vasta, uma verdadeira caixa-preta.

E na mesma velocidade com que os cientistas revelam sua pluralidade, estima-se que outras 20 mil espécies são extintas a cada ano.

Confira a seguir a seleção das 10 novas espécies recém descobertas, muitas das quais já se encontram ameaçadas.

Enigma no aquário: Ancoracysta twista

Localização: Desconhecida

Descoberto em um aquário em San Diego, na Califórnia, EUA, este novo protista unicelular foi batizado de Ancoracysta twista, devido ao movimento giratório que faz ao nadar. Ele usa seus flagelos semelhantes a chicotes para se impulsionar e organelas incomuns semelhantes a arpões, chamadas ancoracysts, para imobilizar outros protistas dos quais se alimenta. A origem geográfica da espécie na natureza não é conhecida. Segundo os cientistas, o grande número de genes no seu genoma mitocondrial abre uma janela para a evolução inicial de organismos eucarióticos.

Ancoracysta twista. (Denis V. Tiknonenkov/Divulgação)

Grande em tamanho, pequena em número:Dinizia jueirana-facao

Localidade: Espírito Santo, Linhares, Reserva Natural Vale, Brasil

O gênero da leguminosa Dinizia era conhecido dos cientistas, até agora, por uma única espécie de árvore amazônica, a D. excelsa, descoberta há quase 100 anos. Eis que descobriram uma irmã, a Dinizia jueirana-facao, que pode atingir 40 metros de altura, emergindo acima do dossel da floresta atlântica na Reserva Natural Vale, no norte do Espírito Santo. Pesando cerca de 62 toneladas, ela é menor do que a sua espécie irmã amazônica, mas é igualmente impressionante. Embora grande em dimensão, a árvore é limitada em números: há registros de apenas 25 indivíduos, cerca de metade dos quais estão na área protegida, tornando-se criticamente ameaçada.

Dinizia jueirana-facao. (Gwilym P. Lewis)

O “corcunda” dos mares:Epimeria quasimodo

Localidade: Polarstern cruise PS81, a leste de Joinville Island, Instituto Real da Bélgica de Ciências Naturais, Bruxelas.

Com cerca de 50 mm de comprimento, o Epimeria quasimodo leva o nome de um personagem de Victor Hugo, Quasimodo, o corcunda, em referência às suas costas um pouco corcundas. É uma das 26 novas espécies de anfípodes do gênero Epimeria do Oceano Antártico, com espinhas bem marcadas e cores vivas. O gênero é abundante nas águas glaciais e seus adornos de crista lembram dragões mitológicos, segundo os cientistas.

Epimeria quasimodo. (: Cédric d’Udekem d’Acoz, copyright Royal Belgian Institute of Natural Sciences)

Besouro nanico e camuflado: Nymphister kronaueri

Localização: Puerto Viejo, Estação Biológica La Selva, Costa Rica

O Nymphister kronaueri é um pequeno besouro que vive entre as formigas. Medindo até 1,5 mm de comprimento, eles vivem exclusivamente entre a espécie de formiga Eciton mexicanum. As formigas-hospedeiras não constroem ninhos permanentes, pois são nômades. No caso de E. mexicanum, elas passam duas ou três semanas em movimento, realizando incursões todos os dias para capturar milhares de itens de presas e depois passar de duas a três semanas em um único local. E o besouro pega carona nessas aventuras. O corpo do besouro é do tamanho, forma e cor do abdômen de uma formiga operária. O besouro usa suas partes bucais para agarrar a parte magra do abdômen do hospedeiro, deixando a formiga andar.

Nymphister kronaueri (© D. Kronauer/Divulgação)

Um grande macaco em vias de extinção :Pongo tapanuliensis

Localidade: Sugi Tonga, Marancar, Complexo Florestal Tapanuli (Batang Toru), Sumatra Setentrional, Indonésia

Até agora, apenas meia dúzia de grandes primatas não humanos foram reconhecidos. Os gorilas do leste e do oeste, os chimpanzés e os bonobos estão mais relacionados aos humanos do que os orangotangos, que são os únicos grandes primatas da Ásia. Em 2001, os orangotangos de Sumatra e Bornéu foram reconhecidos como espécies distintas, Pongo abelii e P. pygmaeus. Mas recentemente uma equipe internacional de pesquisadores concluiu que uma população isolada no limite sul dos orangotangos de Sumatra, em Batang Toru, é distinta tanto das espécies do norte de Sumatra quanto de Bornéu.

Evidências genômicas sugerem que, enquanto as espécies do norte de Sumatra e Bornéu se separaram há cerca de 674 mil anos, essas espécies do sul de Sumatra divergiram muito antes, cerca de 3,38 milhões de anos atrás. Tão logo os cientistas distinguiram a nova espécie, ela já foi considerada como a mais ameaçada do mundo. Restam apenas 800 indivíduos em habitats fragmentados espalhados por cerca de 1.000 quilômetros quadrados em colinas e florestas. O tamanho é semelhante a outros orangotangos, com fêmeas abaixo de 1,22 m de altura e machos com menos de 1,5 m.

Pongo tapanuliensis. (Andrew Walmsley/Divulgação)

Peixe profundo:Pseudoliparis swireié

Localização: Fossa das Marianas, no Pacífico

Na escuridão do abismo da Fossa das Marianas, o ponto mais profundo dos oceanos do mundo, no Pacífico, encontra-se o Pseudoliparis swirei é, um peixe pequeno, parecido com um girino, que mede pouco mais de 10 centímetros, mas parece ser o principal predador em sua comunidade. Foi capturado a profundidades entre 6.898 e 7.966 m, bem próximo do limite de 8.200 metros, limite fisiológico abaixo do qual quase todos os peixes não conseguem sobreviver.

Pseudoliparis swirei (Mackenzie Gerringer, University of Washington. ©Schmidt Ocean Institute/Divulgação)

Flor heterotrófica: Sciaphila sugimotoi

Localidade: Cidade de Ishigaki, Hirae, Japão

A maioria das plantas é autotrófica, usando energia solar para alimentar-se por meio da fotossíntese. Mas algumas, como a recentemente descoberta S. sugimotoi, são heterotróficas, e dependem de outros organismos para seu sustento. Neste caso, a planta é simbiótica com um fungo do qual deriva a nutrição sem prejudicar o parceiro. A relação é mutuamente vantajosa.

O fungo ataca a matéria orgânica e a decompõe na forma de nutrientes que são assimilados pelas plantas, enquanto as plantas sintetizam moléculas orgânicas, como carboidratos e aminoácidos, essenciais à sobrevivência dos fungos. O delicado S. sugimotoi aparece durante curtos períodos de floração em setembro e outubro, produzindo pequenas flores. A espécie é considerada criticamente ameaçada e, como outros simbiontes, depende de um ecossistema estável para sobreviver.

Sciaphila sugimotoi. (Takaomi Sugimoto/Divulgação)

Bactéria vulcânica: Thiolava veneris

Localização: Hierro Island, Canary Archipelago, Espanha

Quando o vulcão submarino Tagoro entrou em erupção na costa de El Hierro, nas Ilhas Canárias, em 2011, aumentou abruptamente a temperatura da água, diminuiu o oxigênio e liberou enormes quantidades de dióxido de carbono e sulfeto de hidrogênio, eliminando grande parte do ecossistema marinho existente.

Três anos depois, os cientistas encontraram os primeiros colonizadores dessa área - uma nova espécie de proteobactéria que produz estruturas longas, semelhantes a pelos, compostas de células bacterianas. As bactérias formaram uma esteira branca maciça, estendendo-se por quase 2.000 metros quadrados ao redor do cume do cone vulcânico Tagoro. Os cientistas apelidaram o tapete de bactérias de "cabelo de Vênus".

Thiolava veneris. (Miquel Canals, University of Barcelona, Spain/Divulgação)

Fóssil de um marsupial feroz: Wakaleo schouteni

Localidade: Parque Nacional Boodjamulla, noroeste de Queensland, Austrália

No final do período Oligoceno, que terminou há 23 milhões de anos quando o Mioceno chegou, um leão marsupial, Wakaleo schouteni, habitava as florestas no noroeste de Queensland, na Austrália. Cientistas da Universidade de New South Wales recuperaram fósseis na Área de Patrimônio Mundial de Riversleigh, que provou ser o leão marsupial fóssil até então desconhecido. Pesando mais ou menos o mesmo que um cão husky siberiano, este predador passou parte do seu tempo em árvores.

Seus dentes sugerem que não era completamente dependente de carne, mas sim um onívoro. Com base na descoberta, os pesquisadores acreditam que duas espécies de leão marsupial estiveram presentes no final do Oligoceno. O outro, Wakaleo pitikantensis, era um pouco menor e foi identificado a partir de dentes e ossos dos membros descobertos perto do Lago Pitikanta, no sul da Austrália, em 1961.

Reconstrução do Wakaleo schouteni. (Peter Schouten/Divulgação)

Besouro da caverna: Xuedytes bellus

Localização: grutas no sudeste de Du'an Yao, Hechi Shi, região ao norte de Guangxi Zhuang, sul da China.

Os besouros que se adaptam à vida na escuridão das cavernas muitas vezes se assemelham em um conjunto de características, que incluem corpo compacto, apêndices parecidos com aranhas, e perda de asas, olhos e pigmentação. Uma nova espécie de besouro, terrestre troglóbio (que se especializou para a vida dentro de cavernas), o Xuedytes bellus, foi descoberta na China, medindo menos de 9 mm.

Xuedytes bellus (Sunbin Huang and Mingyi Tian/Divulgação)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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