Ameba de fogo: descoberta pode mudar o que sabemos sobre a vida terrestre (Divulgação/Universidade de Syracuse)
Estagiária de jornalismo
Publicado em 4 de dezembro de 2025 às 17h53.
Última atualização em 4 de dezembro de 2025 às 18h42.
Uma nova espécie de ameba descoberta na Califórnia está reescrevendo o que sabemos sobre os limites da vida. Batizada de Incendiamoeba cascadensis — literalmente "ameba de fogo" —, ela consegue se reproduzir a 63°C, uma temperatura que fritaria qualquer outra célula complexa conhecida pela ciência.
A descoberta foi feita no Parque Nacional Vulcânico de Lassen, famoso por seus lagos ácidos e piscinas geotérmicas. Mas a ameba veio justamente do lugar mais improvável, um riacho termal que os pesquisadores descrevem como "a característica geotermal mais desinteressante" do parque.
As amostras de água do riacho de pH neutro pareciam vazias sob o microscópio. Foi só após cultivá-las com nutrientes que os pesquisadores avistaram a ameba crescendo a 57°C. A equipe então começou a aumentar gradualmente a temperatura, ultrapassando o antigo recorde sem que o organismo desse sinal de fraqueza.
Quando os cientistas da Universidade de Syracuse aumentaram gradualmente a temperatura em laboratório, a ameba continuou ativa até 64°C. Mesmo a 70°C, ela conseguiu formar uma espécie de cápsula protetora capaz de "reativar" quando a temperatura cai. Células humanas morrem em torno de 43°C.
A descoberta vai além da curiosidade científica. "Precisamos repensar o que é possível para uma célula complexa", afirma Angela Oliverio, uma das pesquisadoras responsável pela descoberta. Organismos como plantas, animais e fungos sempre foram considerados incapazes de sobreviver em condições extremas, algo que apenas bactérias simples conseguiriam. Agora, essa ameba prova o contrário.
As implicações vão além da biologia terrestre. Oliverio destaca que a descoberta pode oferecer insights valiosos para a busca de vida além da Terra, além de aplicações em biotecnologia. "Olhamos em um único riacho", diz ela. "Talvez tenhamos tido extrema sorte e não haja mais nada lá fora, mas realmente não achamos que seja o caso."