A partir de DNA, cientistas desenham adolescente de 50 mil anos atrás
A partir de fóssil de dedo mindinho e comparação de DNA de outras espécies, cientistas desenham ancestral da Sibéria
Maria Eduarda Cury
Publicado em 21 de setembro de 2019 às 08h59.
Última atualização em 21 de setembro de 2019 às 08h59.
São Paulo - Se baseando em fósseis do hominídeo de Denisova, primata que viveu cerca de 50 mil anos atrás, cientistas desenharam um retrato de uma fêmea da espécie. Registros da população foram descobertos em 2010, na Sibéria, e então identificados como uma nova espécie por meio de uma análise de DNA .
Poucos fósseis dos primatas, porém, foram encontrados - um deles era o dedo mindinho da jovem encontrada na caverna de Denisova.
Um time de pesquisadores, liderados por David Gokhman e Liran Carmel, da Universidade Hebraica de Jerusalém, em Israel , reconstruíram o esqueleto adolescente a partir de padrões antigos de informações genéticas.
Ainda que a população tenha sido descoberta há quase dez anos, essa é a primeira vez que pesquisadores e cientistas apresentam uma possível anatomia dos hominídeos.
O desenho apresenta uma jovem primata com olhos arregalados e escuros, um nariz largo e uma boca comprida.
A análise dessa espécie indica que os ancestrais viveram em diversas partes da Ásia cerca de 30-50 mil anos atrás, e estavam relacionados aos neandertais, que viveram no Oriente Médio e na Europa e foram extintos cerca de 28 mil anos atrás.
Para descobrir as demais características da espécie, a equipe de Gokhman e Carmel utilizou marcadores de moléculas do DNA, comparando os padrões da jovem denisovana, dois neandertais, cinco Homo sapiens, cinco humanos da atual geração e cinco chimpanzés. A partir disso, foi possível identificar onde tais espécies apresentavam similaridades e onde apresentavam diferenças.
As comparações indicaram que os denisovanos possuíam diversas características similares com as do neandertais - quadris largos, testa baixa e arcos dentários largos.
Ainda que essa seja a primeira vez que a técnica de comparação de DNA tenha sido utilizada para descobrir características de uma espécie, ela pode se tornar promissora no meio, caso seja mais aprofundada e estudada.
Mas, por enquanto, nem tudo pode ser explicado por essa fórmula - os cientistas foram incapazes de explicar, com detalhes específicos, o motivo pelo qual os esqueletos de neandertais e Homo sapiens são diferentes. Segundo a equipe, as misturas de características impossibilitaram que as diferenças fossem apontadas com precisão.
Vale notar que o método ainda não foi testado em seres humanos vivos.