Ciência

No Brasil, 97% da pandemia de covid-19 pode terminar em junho, diz estudo

Apesar de feita com dados oficiais, análise pode não refletir a realidade, já que alta nas mortes por coronavírus indicam forte subnotificação no país

Coronavírus: dados de mortes por doenças respiratórias indicam forte subnotificação de casos de covid-19 no Brasil (Agência Pará/Divulgação)

Coronavírus: dados de mortes por doenças respiratórias indicam forte subnotificação de casos de covid-19 no Brasil (Agência Pará/Divulgação)

BC

Beatriz Correia

Publicado em 28 de abril de 2020 às 22h12.

Última atualização em 29 de abril de 2020 às 19h22.

Um estudo divulgado nesta terça-feira (28) pela Universidade de Tecnologia e Design de Singapura prevê que o fim da pandemia do novo coronavírus no Brasil deve ocorrer entre junho e agosto deste ano. De acordo com os dados, 97% da pandemia terminará no dia 1 de junho no país, e 100% da situação estaria normalizada em 23 de agosto.

Porém, apesar de a análise ter sido feita com base em dados oficiais, o estudo pode não refletir a realidade. Isso porque, no Brasil, a explosão de mortes por doenças respiratórias e de óbitos registrados em cartórios indicam uma forte subnotificação de casos de covid-19.

O país atingiu nesta terça-feira, 28, a marca de 5.017 óbitos pelo novo coronavírus e, com esse resultado, entrou para a lista dos dez países que mais registram vítimas da doença.

Porém, os dados mostram que, com os mais de 2,5 mil casos potencialmente não notificados, o Brasil pode ser o sexto país com mais mortos — atrás apenas de Estados Unidos, Itália, Espanha, França e Reino Unido. Segundo o levantamento da universidade, o pico da doença no Brasil foi atingido em torno do dia 20 de abril.

De acordo com a análise da Universidade, no cenário global, 97% da pandemia deve chegar ao fim em 30 de maio, e em 1 de dezembro deste ano, a situação estaria totalmente controlada.

No mundo, já são contabilizados mais de 3,1 milhões de casos de infectados e mais de 216 mil mortes pela covid-19. Os dados são de levantamento em tempo real realizado pela Universidade Johns Hopinks.

Nos Estados Unidos, o país com o maior número de casos de infecção -- mais de 1 milhão --, o fim da pandemia está previsto no dia 9 de setembro. De acordo com os dados, o coronavírus já atingiu o pico da disseminação no país.

Já na China, local que foi o epicentro da doença, a pandemia acabou no dia 8 deste mês. O país asiático já tem os números de contágio estabilizados em 84 mil casos há cerca de um mês.

Na Europa, uma das regiões mais afetadas do país, o fim do coronavírus é previsto para agosto. Dia 31, na Itália; 2, na Espanha; 9, na França e 6, na Alemanha

Como parte da metodologia, o estudo teve como base o modelo epidemiológico SIR, usado no estudo de epidemias, e que considera indivíduos sensíveis (S), infectados (I) e removidos (R). Os considerados sensíveis são as pessoas não infectadas pelo vírus, ou suscetíveis a ele.

Já os infectados são aqueles que foram contaminados e são capazes de transmitir a doença. Por último, os removidos são as pessoas que não têm mais o vírus, seja por imunização ou porque foram a óbito. Uma das principais críticas ao modelo SIR para avaliação das pandemias é exatamente a subnotificação de casos.

Os próprios pesquisadores que realizaram o estudo alertaram que as datas devem ser consideradas com ressalvas, porque há diversas variáveis não previstas na pesquisa e que podem influenciar no tempo de duração da pandemia.

Essas variáveis são fatores como questões demográficas de cada país, a possibilidade de a mesma pessoa ser infectada mais de uma vez pela doença e a taxa de adesão da população às medidas de combate ao coronavírus, como o isolamento social e a quarentena.

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