3I/ATLAS: dia decisivo para estudar o cometa está chegando (Филипп Романов/Wikimedia Commons)
Redação Exame
Publicado em 10 de dezembro de 2025 às 11h59.
Detectado em 1º de julho de 2025 pelo telescópio ATLAS, no Chile, o cometa 3I/ATLAS é apenas o terceiro objeto interestelar já confirmado. Sua trajetória hiperbólica e alta velocidade comprovam que ele não se originou no Sistema Solar.
Dados coletados pelo telescópio James Webb (JWST) revelaram uma composição incomum: a coma é dominada por dióxido de carbono (CO₂), substância detectada em quantidade significativamente maior do que nos cometas típicos da região interna do Sistema Solar.
Além disso, o 3I/ATLAS contém gelo de água, compostos metálicos e moléculas orgânicas, indicando uma estrutura mista e primitiva. A diversidade de materiais sugere que o cometa se formou em um ambiente muito distinto, possivelmente nos confins de um sistema planetário com características químicas e térmicas únicas.
A combinação de atividade intensa, com ejeção constante de poeira e gás, e a presença simultânea de elementos voláteis e metais, contraria hipóteses atuais sobre a formação de cometas. Segundo os modelos vigentes, objetos formados longe de suas estrelas deveriam apresentar maior estabilidade química e menos atividade ao se aproximar do Sol — o que não se observa no caso do 3I/ATLAS.
O padrão de atividade registrado desafia também o entendimento sobre como os cometas se comportam ao cruzar diferentes ambientes interestelares. A velocidade com que o gás é liberado e a estrutura da coma são diferentes das observadas nos cometas 1I/ʻOumuamua e 2I/Borisov.
O 3I/ATLAS está se afastando rapidamente do Sistema Solar. Sua maior aproximação da Terra ocorrerá em 19 de dezembro, a 269 milhões de quilômetros de distância. Cientistas de diversos países se organizam para observar o objeto enquanto ainda é possível, utilizando espectrômetros e radares para mapear sua estrutura com mais precisão.
Com a coleta de dados em ritmo acelerado, astrônomos esperam compreender se a origem do 3I/ATLAS remonta a regiões externas de sistemas planetários distantes, ou mesmo a processos desconhecidos de formação de corpos menores.
A confirmação de que o 3I/ATLAS carrega elementos químicos pouco comuns em cometas conhecidos pode impactar diretamente teorias sobre a distribuição de materiais no espaço interestelar. Também pode gerar revisões sobre como os planetas e seus satélites se formam e interagem com corpos menores.
Embora algumas especulações sobre sua natureza artificial tenham surgido, a maioria dos pesquisadores aponta que o 3I/ATLAS se comporta como um cometa ativo. Ainda assim, sua origem e trajetória permanecem sem explicação definitiva.
A principal expectativa agora é que o objeto permita uma calibração mais precisa dos modelos de formação planetária e composição de sistemas extrassolares, com potencial para gerar descobertas nos próximos anos.