3 tecnologias "do espaço" que podem ajudar a combater a pandemia
Uso de nanorobôs, algoritmos que avaliam a saúde dos astronautas e mapeamento da Terra são algumas das tecnologias que podem colaborar no combate à doença
Karina Souza
Publicado em 30 de outubro de 2020 às 18h33.
As descobertas sobre o espaço marcaram essa semana. Planetas do tamanho da Terra "vagando" pela Via Láctea, moléculas que podem indicar vida extraterrestre em Saturno e a descoberta de um asteróide que vale mais do que a economia global foram apenas algumas delas. O que pouco se falou, entretanto, é que algumas das tecnologias usadas para explorar "o lado de lá" podem ser usadas para aliviar consequênicas de um efeito totalmente produzido na Terra: a covid-19.
O mundo está mais complexo, mas dá para começar com o básico. Veja como, no Manual do Investidor
Para pesquisadores brasileiros,é possível apontar pelo menos três:
- Adaptar nanosatélites para conectar grandes centros a comunidades isoladas
Em uma missão recente, a NASA e a NanoAvionics, fabricante de nanosatélites, para começar testes para lançar no espaço uma vela de 74 metros quadrados - usando um novo método de propulsão sem o uso de propulsores. Caso tenha sucesso, a missão pode abrir caminhos para que outras missões ainda maiores possam ser feitas, usando a mesma tecnologia de propulsão.
Para ir além desse uso, Renato Borges, professor do Instituto de Engenharia Elétrica da Universidade de Brasília (UnB) e parte do IEEE,organização sem fins lucrativos dedicada ao avanço da tecnologia em beneficio da humanidade, é possível usar os mesmos nanosatélites para ajudar pessoas a terem acesso à internet. Atualmente, o especialista está na frente da missão espacial Alfa Cruz pra colocar em órbita até o final de 2021 um nanosatélite, para prover sinais de comunicação de voz e de dados a áreas remotas do País.
- Aproveitar algoritmos que avaliam a saúde dos astronautas para que possam contribuir para o tratamento da covid-19
Em uma pesquisa recente, publicada noIEEE Journal of Engineering,o MIT afirmou que, com o uso de inteligência artificial, é possível mapear possíveis assintomáticos - declarando que eles não passam tão despercebidos assim - já que o software pode fornecer um diagnóstico da doença a partir da tosse do paciente, realizada próximo ao celular.
Para pesquisadores brasileiros, esse caminho poderia ser seguido a partir, também, do que é aplicado no espaço. "Os algoritmos já desenvolvidos para avaliar a saúde dos astronautas no espaço podem ser adaptados para detectar o coronavírus no organismo das pessoas na Terra e colaborar para o desenvolvimento de vacinas", afirmam Carmelo Bastos Filho, da Poli-Universidade de Pernambuco e Héctor Azpúrua, pesquisador do Instituto Tecnológico Vale, em Minas Gerais.
- Mapear imagens noturnas da Terra para ajudar a identificar focos de transmissão do coronavírus
O mapeamento de imagens do planeta não coolabora diretamente para a busca por uma cura, mas pode ser usado como uma ferramenta para ajudar órgãos de combate à pandemia, identificando aglomerações e possíveis focos de transmissão. Nesse sentido, dados geoespaciais são considerados uma ajuda importante para estabelecer padrões a respeito de doenças infecciosas.
"Os satélites que captam imagens noturnas da Terra podem ajudar a identificar aglomerações e, consequentemente, possíveis focos de transmissão do coronavírus, por meio de uma tecnologia utilizada pela NASA que decifra padrões de frequência por meio das luzes noturnas", afirma Rosa Correa, do Instituto Tecnológico Vale. Essa tecnologia já é utilizada para a análise dos níveis de urbanização, consumo de energia, deslocamentos comunitários, crescimento populacional e mudanças na paisagem, por exemplo.
Soma-se a isso o sensoriamento remoto, conjunto de técnicas que permite obter informações sobre a superfície terrestre (como objetos e áreas) usando a interação da radiação eletromagnética com a superfície.
A partir da geração de dados proporcionada por ele, é possível verificar as ionformações produzidas por satélite, a partir de um amplo conjunto de dados. Com o rastreamento e a geolocalização, é possível ter informações mais apuradas e identificar focos de transmissão de forma acelerada.